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Netflix lança minissérie “Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais” repleta de glamour e horror, reacendendo debate sobre caso icônico.

Monstros – Uma análise profunda da minissérie da Netflix sobre os Irmãos Menendez

Quando “true crime” ainda não se referia ao filão cultural que satisfaz o gosto do público por sangue, surgiu nos Estados Unidos a Court TV, dedicada a esmiuçar crimes e transmitir julgamentos proeminentes ao vivo. Seu primeiro hit? O caso dos irmãos Lyle e Erik Menendez, então com 21 e 18 anos, que mataram os pais a tiros de espingarda na mansão onde viviam em Los Angeles.

O crime, de 1990, reunia tudo que magnetiza atenção: era parricídio (desde a mitologia grega um dos atos mais hediondos); a violência havia sido brutal; o pai emigrara de Cuba adolescente e construíra fortuna com a mulher americana; o filho mais velho estava em uma universidade de ponta, e o caçula almejava troféus de tênis; e os dois eram extremamente fotogênicos. Tudo isso ainda encobria relatos tétricos de tortura, abuso sexual infantil e incesto.

A assinatura de Ryan Murphy, que cocriou a série com Ian Brennan é a principal delas. A pegada do produtor/roteirista, que ascendeu com seu gosto por histórias de horror-fama-glamour, é nítida no tom homerótico que a série dá à relação entre os irmãos e na estética pop gay dos protagonistas.

Menos bem sucedida é a tentativa de fazer a advogada que defendeu Erik, Leslie Abramson (Ari Graynor, bem no papel), um alívio cômico ocasional.

E há a interpretação magistral de Javier Barden, versado em psicopatas, que encarna Jose Menendez, o pai acusado pelos filhos de estuprá-los desde os seis anos de idade, com um misto de cinismo, austeridade e descolamento da realidade arrepiantes.

O maior mérito de “Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais” é injetar ambiguidade a todo o enredo, revezando pontos de vista, de modo que a pergunta ao se terminar a série é se o título principal, monstros, se refere aos filhos ou aos pais, sem distinção nenhuma entre vítimas e algozes.

Lyle e Erik escaparam da pena de morte e cumprem prisão perpétua, agora juntos. Com mais este revival, cresce a parcela do público que pede novo julgamento.

Essa sugestão, aliás, sai da boca de um personagem, no final, como uma possível premonição. Não surpreenderá caso se concretize.

‘Monstros’ está disponível na Netflix

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