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Palácio do Planalto mantém silêncio diante de críticas de Gleisi Hoffmann ao governo de coalizão e ao ministro Alexandre Padilha.

O Palácio do Planalto e a Crise Interna do PT

O Palácio do Planalto optou por adotar o silêncio diante das críticas da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), e à baixa performance do partido nas eleições, atribuída ao governo de coalizão.

Questionada pela Folha, a Secretaria de Comunicação (Secom) limitou-se a dizer: “Não vamos comentar”. Nos bastidores, assessores palacianos classificaram a declaração de Gleisi como desnecessária, por indicar falta de alinhamento do partido com o governo, principalmente por contrariar o discurso de coalizão com os aliados.

No entanto, a estratégia é de apagar o fogo. Auxiliares de diferentes escalões evitaram reagir às declarações da presidente do partido para acalmar a crise rapidamente. A avaliação é que, apesar da crítica direcionada ao ministro Padilha, a discussão de fundo está relacionada à sucessão no PT.

O mandato de Gleisi termina no próximo ano e seu nome é cogitado para assumir um ministério na possível reforma ministerial de Lula em 2025.

Após o fim do segundo turno das eleições municipais, surgiram debates dentro do partido sobre quem assumirá o comando do PT após a saída de Gleisi. Uma ala apoia Edinho Silva, prefeito de Araraquara (SP), enquanto outra defende o deputado José Guimarães (PT-CE). Segundo relatos, Gleisi está mais inclinada para a segunda opção.

A crítica de Gleisi também acabou ofuscando a narrativa do Planalto, que via o avanço de políticos de centro nas eleições como uma vitória da frente ampla construída pelo governo. O ministro Paulo Pimenta (Secom) mencionou em uma entrevista à GloboNews que a extrema direita foi a principal derrotada nas urnas e que o PT teria obtido mais votos se tivesse apresentado mais candidatos, mas é necessário pensar estrategicamente como governo, não apenas como partido.

Pimenta ressaltou a importância de o PT se atualizar programaticamente, uma ideia também defendida por Padilha após se reunir com Lula, e que o presidente já vinha discutindo antes das eleições.

No entanto, a declaração mais polêmica veio da presidente do PT em suas redes sociais, onde acusou Padilha de menosprezar o partido ao afirmar que o PT permanecia na “zona de rebaixamento” em relação aos resultados eleitorais. Ela atribuiu o fraco desempenho do partido nas urnas à participação em um governo de “ampla coalizão”.

O PT venceu em apenas uma capital, Fortaleza, e menos de 300 prefeituras em todo o país, apesar de uma modesta melhora em comparação com o ano anterior. A presidente do PT enfatizou que o partido está enfrentando uma investida da extrema direita e que é necessário mais respeito pelos esforços em prol do projeto político do PT.

Padilha e Gleisi estiveram juntos no Palácio da Alvorada, onde discutiram os resultados eleitorais. Durante uma reunião da executiva nacional do PT, Gleisi resolveu rebater as críticas de Padilha e foi aplaudida pelo grupo presente. O descontentamento de parte do PT com a articulação política do governo aumentou, sendo expresso pela líder do partido. Alguns membros, especialmente parlamentares, reclamam de falta de atenção em comparação com os representantes de outras legendas.

Além disso, há relatos de dificuldades do governo em capitalizar politicamente suas realizações. Prefeitos de outros partidos estariam se beneficiando politicamente de obras financiadas com recursos federais. O mau desempenho eleitoral do PT desencadeou uma disputa pelo comando do partido, com colaboradores de Lula defendendo até mesmo a antecipação da saída de Gleisi, proposta que ela recusa.

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