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Revolução da Contracepção Masculina: Inovações Promissoras e Desafios do Mercado Farmacêutico

Contracepção Masculina: Revolução em Curso

Um grupo curioso se aglomera em volta do enfermeiro Maxime Labrit, em Paris, num evento sobre direitos reprodutivos no qual ele exibe anéis coloridos de silicone. O que parece engraçado num primeiro momento tem um objetivo mais profundo: Labrit quer revolucionar a contracepção masculina, e o potencial é enorme.

Há atualmente mais de 2 bilhões de homens no mundo. Estima-se ainda que uma em cada duas gravidezes seja indesejada. O fardo geralmente recai sobre as mulheres devido às poucas opções de controle de fertilidade à disposição dos homens.

Os cientistas estão trabalhando em mais de 100 inovações, de acordo com a Iniciativa Contraceptiva Masculina (MCI, na sigla em inglês). Alguns métodos impedem o desenvolvimento do esperma, outros se concentram em evitar que espermatozoides alcancem o óvulo.

Além de preservativos e vasectomia, o que mais está disponível?

Tentativas de desenvolver novos métodos contraceptivos para homens fracassaram várias vezes. Mas, atualmente, há um produto hormonal bastante promissor: o gel NES/T. Aplicado no ombro, ele é, até o momento, o mais avançado em testes clínicos.

Entre os produtos mais promissores estão ainda o gel da Contraline, que bloqueia o tubo que transporta o esperma, e a pílula diária não hormonal da empresa americana YourChoice. Atualmente, essas opções estão sendo testadas em humanos, mas só estarão disponíveis no mercado daqui a cinco ou dez anos.

Uma das principais formas de monitorar a fertilidade é por meio do seminograma, a análise do sêmen que avalia a qualidade do esperma. Pensando nisso, Rolf Tobisch, pesquisador da Universidade de Ciências Aplicadas de Hessen, na Alemanha, desenvolveu um seminograma doméstico –um dispositivo que permite aos usuários testar sua fertilidade em casa.

Como saber se funciona?

No entanto, colocar esse produto no mercado tem sido um desafio. Além de caras, as certificações médicas demoram, e as principais indústrias farmacêuticas não parecem dispostas a investir.

Com a previsão de que o mercado global de contraceptivos atinja 44 bilhões de dólares até 2030, vários países estão investindo nisso. Em grande parte, o financiamento é impulsionado por organizações sem fins lucrativos e instituições acadêmicas, principalmente nos Estados Unidos, mas também na Índia, no Brasil e na Austrália.

Farmacêuticas estão atrasando os produtos?

Há uma piada no setor que diz que os anticoncepcionais masculinos estão dez anos atrasados em relação aos últimos 50 anos. De acordo com Logan Nickels, diretor de pesquisa da Iniciativa de Contraceptivos Masculinos, para colocar os produtos no mercado é necessário o apoio das grandes indústrias farmacêuticas.

O que vem por aí?

O crescente interesse global dos homens indica que a mudança está no horizonte. Não se trata apenas de disponibilidade, mas também de aceitação. “É preciso apenas um produto para abrir o caminho”, diz Nickels, destacando o potencial efeito dominó.

No recente evento sobre direitos contraceptivos em Paris, os participantes se mostraram otimistas em relação ao tema e ao futuro: a contracepção masculina representa uma forma de empoderamento. Não se trata apenas de liberdade sexual ou financeira, mas sim de dar a bilhões de pessoas a capacidade de moldar suas vidas e seu planejamento familiar.

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