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Esquema de venda de sentenças no TJ-MS é alvo de investigação da Polícia Federal e leva ao afastamento de cinco desembargadores

Alvo da Operação Última Ratio, Desembargadores de Mato Grosso do Sul são Afastados

Cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) foram afastados de suas funções pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 24, por determinação do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre os magistrados afastados está o presidente da Corte, Sérgio Fernandes Martins. Eles são suspeitos de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais e serão monitorados por tornozeleira eletrônica. Um desembargador aposentado do TJ-MS também foi alvo da operação, com a apreensão de R$ 3 milhões em espécie em sua residência.

A investigação teve início com o conteúdo do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro do ano passado em Cuiabá, Mato Grosso. Esse caso gerou uma crise no Judiciário brasileiro e já levou ao afastamento de outros magistrados em Mato Grosso. Com cerca de cinco mil diálogos recuperados pela PF, a investigação também alcançou o Superior Tribunal de Justiça, onde há suspeitas envolvendo um dos ministros da Corte, Paulo Moura Ribeiro.

A operação da PF teve um desdobramento importante, chegando ao Supremo Tribunal Federal (STF), que ficará responsável por eventual processamento de magistrados do STJ. O relator da investigação no Supremo será o ministro Cristiano Zanin.

Durante as buscas, a casa do desembargador aposentado Julio Cardoso foi um dos 44 endereços vasculhados pela PF. Os policiais encontraram R$ 3 milhões em espécie em uma mala, levantando suspeitas de irregularidades em suas transações financeiras.

Além da venda de sentenças, a operação também investiga possíveis crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de documentos. O ministro Falcão proibiu o acesso dos investigados ao TJ-MS e vedou comunicações entre eles.

Com a quebra de sigilo dos desembargadores, a PF identificou discrepâncias nos valores dos patrimônios dos magistrados investigados. Há suspeitas de lavagem de dinheiro com a compra simulada de gado, imóveis de luxo, veículos, entre outros meios.

Os desembargadores afastados recebiam vencimentos que superavam o teto salarial do funcionalismo público, com valores brutos que ultrapassam R$ 1 milhão em 2024. O TJ-MS é conhecido por remunerar muito bem seus magistrados, com subsídios que chegam a ultrapassar R$ 39 mil mensais.

A Operação Última Ratio tem origem em investigações anteriores que apontavam o envolvimento de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul em esquemas de corrupção e desvio de recursos públicos. Essa investigação desdobrou-se em uma operação voltada para o Judiciário, revelando práticas ilícitas que envolvem magistrados importantes do estado.

Até o momento, os desembargadores investigados não se manifestaram sobre as acusações. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul garantiu que os investigados terão direito ao contraditório e à ampla defesa, ressaltando que os fatos ainda estão sob investigação e não há juízo de culpa definitivo.

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