Uma pesquisa recente realizada pelo International Panel on the Information Environment (IPIE) revelou dados preocupantes sobre a desinformação global. De acordo com o estudo, líderes políticos, governos e donos de redes sociais foram identificados como as principais ameaças à qualidade do ambiente informacional mundial, colocando a inteligência artificial (IA) no centro das preocupações.
O levantamento contou com a participação de mais de 400 acadêmicos de diversas áreas, de 66 países diferentes. Os resultados apontaram que mais de metade dos entrevistados (54%) já previam uma piora nas condições em 2023, número que aumentou para 63% em 2024. Especialistas em países em desenvolvimento, como o Brasil, estão especialmente pessimistas em relação ao futuro do ambiente informacional, com 75% demonstrando grande preocupação.
Os proprietários de redes sociais foram apontados por 15,5% dos entrevistados como a principal ameaça, seguidos por governos e políticos nacionais. Surpreendentemente, jornalistas e a imprensa foram considerados como a menor ameaça, citados por apenas 1,5% dos participantes.
O presidente do IPIE, Phil Howard, alertou para o impacto significativo das plataformas de distribuição de conteúdo sobre a qualidade e integridade da informação. Segundo ele, o controle exercido por essas entidades representa um sério risco para o ambiente informacional global.
A utilização de IA, principalmente na forma de vídeos, áudios, imagens e textos gerados artificialmente, é vista como um grande desafio para a integridade informacional. Durante as eleições de 2024 no Brasil, foram identificados 26 casos de uso de IA, incluindo deepfakes e chatbots.
O diretor do Data Privacy Brasil, Rafael Zanatta, ressaltou a importância da atuação institucional para conter essas práticas. Ele enfatizou a necessidade de avançar nas regulamentações vigentes para acompanhar a constante evolução do cenário informativo.
O chefe de Programas do IPIE, Egerton Neto, afirmou que os próximos pleitos serão ainda mais desafiadores, com as eleições de 2026 e 2028 ocorrendo em um ambiente informacional cada vez mais complexo. A pressão sobre as instituições para regular o uso de IA e explorar seus benefícios será intensa.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que medidas sejam tomadas para garantir a integridade e veracidade da informação em um ambiente cada vez mais digital e suscetível à manipulação. O futuro do discurso e da disseminação de notícias depende diretamente da forma como lidamos com os desafios impostos pela era da informação.
