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Relatório da SaferNet revela que 1,25 milhão de usuários do Telegram participam de grupos de abuso sexual infantil e pornografia

Um relatório elaborado pela SaferNet, organização não-governamental que atua na promoção dos direitos humanos na internet desde 2005, revelou dados alarmantes sobre a exploração sexual infantil e a disseminação de material pornográfico no aplicativo de mensagens Telegram. De acordo com o relatório, aproximadamente 1,25 milhão de usuários do Telegram participam de grupos ou canais que compartilham imagens de abuso sexual infantil. Uma comunidade ativa observada chegou a ter a presença de 200 mil usuários.

Intitulado “Como o Telegram tem sido usado no Brasil como um espaço de comércio virtual por criminosos sexuais”, o relatório foi entregue às autoridades nesta quarta-feira. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal, a Polícia Federal e autoridades francesas receberam o documento, uma vez que investigações em torno dos crimes no Telegram também estão em andamento na França.

A pesquisa realizada pela SaferNet analisou 874 links denunciados por usuários da internet por conterem imagens de abuso e exploração sexual infantil. Dessas denúncias, foi identificado que 149 links continuavam ativos, sem sofrer nenhuma restrição pela plataforma. Além disso, 66 links que nunca haviam sido denunciados antes também foram identificados como conteúdo criminoso.

O presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, ressaltou que o relatório apresenta diversas evidências dos crimes cometidos pelos usuários e administradores desses grupos no Telegram. Além da distribuição de imagens de abuso sexual infantil, o relatório destaca a compra e venda desses materiais, incluindo imagens reais, autogeradas e produzidas por inteligência artificial.

De acordo com Tavares, os envolvidos nesses grupos cometem vários crimes, incluindo compartilhamento e venda de imagens de abuso sexual infantil, distribuição de imagens de nudez e de sexo sem consentimento, e venda de material pornográfico gerado por inteligência artificial. A SaferNet alerta que quem consome esse tipo de conteúdo também é conivente com o abuso e a exploração sexual infantil.

Além disso, a organização identificou que parte dos conteúdos é publicada por meio de bots e vendida utilizando criptomoedas como forma de pagamento, o que dificulta a identificação dos criminosos. Thiago Tavares destacou que essas práticas representam uma violação às normas do Banco Central e podem estar relacionadas à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo em escala global.

O relatório pede que o Ministério Público atue junto ao Banco Central e à Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro para identificar e recomendar medidas que impeçam o sistema financeiro de processar pagamentos destinados ao financiamento de redes de exploração sexual de crianças e adolescentes.

O Telegram é o aplicativo de mensagens mais denunciado à SaferNet, e a empresa tem sido alvo de críticas por não remover comunidades e usuários que praticam crimes como discriminação racial, ataques à democracia e exploração sexual de crianças e adolescentes. A empresa ainda não se manifestou sobre o relatório.

Em meio a essas denúncias, a SaferNet destaca a importância do combate a esses crimes e reforça a possibilidade de denúncia por parte dos usuários. É possível reportar conteúdos criminosos na plataforma Telegram pelo e-mail abuse@telegram.org, incluindo detalhes do motivo da denúncia. A SaferNet também disponibiliza a Central Nacional de Denúncias para denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A população também pode acionar o Disque 100 em casos de suspeita de violência sexual contra menores.

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