Pombo revela segredos sobre ferro-velho e criação de réplicas humanas em crônica finalista do concurso Ruth Guimarães

Crônica Surreal em Copacabana

Na última quarta-feira, uma experiência surreal aconteceu comigo enquanto visitava um amigo no Bairro Peixoto, em Copacabana. Sozinho na Praça Edmundo Bittencourt, fui surpreendido por uma Kombi do ferro-velho anunciando suas ofertas repetitivas. Enquanto questionava a quantidade de itens vendidos na cidade, uma voz anasalada respondeu à minha reflexão de forma enigmática.
- Quem dissera aquilo? Eu estava só naquele lado da praça. Ninguém nos outros bancos, nem na calçada, nem na rua. O ser mais próximo a mim era um pombo cinzento, que se encontrava sobre a placa do Artur Xexéo, à minha esquerda. E acreditem: era ele, o pombo, meu interlocutor. O bicho fez um voo rápido, pousou no banco em que eu estava e continuou…
Esse episódio foi apenas o início de uma conversa fantástica com o pombo, que revelou histórias surpreendentes sobre uma senhora generosa chamada Dona Marluce, vítima de um destino trágico nas mãos do ferro-velho. O relato continuou com detalhes sobre o destino do coronel, seus novos relacionamentos e os segredos sombrios por trás do ferro-velho.
As revelações do pombo foram intrigantes, deixando-me com mais perguntas do que respostas. Infelizmente, nossa conversa foi interrompida abruptamente e ele voou para longe antes de terminar seu relato. Enquanto o mistério pairava no ar, os sinos da igreja anunciavam a missa e a noite se encerrava em um bar local.
Essa crônica surreal, ambientada em Copacabana, nos convida a refletir sobre os encontros inesperados, as histórias ocultas e os mistérios aparentemente simples do cotidiano carioca.
Rio, março 2024