A psicóloga Larissa Pessoa, de 26 anos, fez uma descoberta surpreendente ao perceber que sua dificuldade com os números não era comum, mas sim um transtorno de aprendizado chamado discalculia. Essa condição afeta a capacidade da pessoa de entender e manipular números e conceitos matemáticos, tornando tarefas simples como ler as horas em um relógio analógico ou contar o troco no supermercado um desafio.
Segundo um estudo, entre 6% e 7% dos brasileiros em idade escolar possuem discalculia, o que revela a relevância e a frequência desse transtorno. Larissa relembra os desafios enfrentados na escola, onde era rotulada erroneamente como uma aluna rebelde por não conseguir absorver as lições de matemática. O diagnóstico veio tardiamente, aos 18 anos, em um momento em que a discalculia ainda não era amplamente reconhecida no Brasil.
O relato de Larissa é compartilhado por muitas pessoas, como Isabela Aquino, uma estudante de artes visuais, que enfrenta dificuldades semelhantes e relata o estigma social em torno da discalculia. Além dos impactos na educação, esse transtorno também afeta a vida financeira, como no caso da publicitária Jenifer Mendes, que já teve experiências constrangedoras devido às suas dificuldades em cálculos simples.
Causas e Sinais de Alerta
Profissionais especializados explicam que a discalculia é fruto de um transtorno neurodesenvolvimental, que compromete a capacidade do cérebro de processar informações matemáticas. Fatores genéticos, neurológicos e ambientais contribuem para o surgimento desse transtorno, que pode ser identificado por dificuldades quantitativas abaixo do esperado para a idade da pessoa.
Os sintomas da discalculia variam conforme a faixa etária, desde dificuldades básicas em aprender a contar na infância até problemas mais complexos na adolescência e vida adulta, como lidar com cálculos financeiros ou horários. A identificação precoce desse transtorno é crucial para um acompanhamento adequado.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da discalculia requer uma avaliação multidisciplinar, envolvendo profissionais da saúde e da educação. Embora não haja cura, intervenções pedagógicas e tratamentos especializados podem melhorar significativamente a qualidade de vida de quem convive com a discalculia. Tecnologias assistivas, terapias cognitivo-comportamentais e apoio especializado são algumas das estratégias utilizadas no tratamento deste transtorno.
Além da discalculia, outros transtornos de aprendizado como a dislexia e a disgrafia também impactam significativamente a vida dos indivíduos. A implementação de políticas inclusivas, como a Lei nº 14.254/21, que garante acompanhamento específico nas escolas para estudantes com esses transtornos, é fundamental para promover a inclusão e o apoio necessário a essas pessoas.
