Segundo Luciana Araújo, moradora do Bixiga e integrante do Mobiliza Saracura Vai-Vai, a equipe de arqueologia tem associado os objetos encontrados a elementos de ritos das religiões de matriz africana. Foram descobertas mais de 200 conchas marinhas, cachimbos de cerâmica e madeira, três bonecos de arame ligados ao orixá Exu e, mais recentemente, um fio de contas depositado no solo junto com elementos em ferro.
Esses achados reforçam as demandas do grupo para a preservação das estruturas construtivas, bem como dos artefatos ligados à religiosidade. Todos esses objetos podem indicar a existência de um local de práticas religiosas, como um terreiro. No entanto, a confirmação só será possível por meio de pesquisas e preservação adequadas.
Luciana ressaltou a importância de preservar esses artefatos e estruturas construtivas, mencionando exemplos internacionais como as estações Termini, Campo 24 de Agosto e Monastiraki. Ela destacou que, mesmo diante das dificuldades, é possível conciliar a continuidade das obras da estação com a preservação dos achados.
A descoberta do sítio arqueológico em junho de 2022, no local onde ficava a quadra da escola de samba Vai-Vai, indica a possível existência de um templo afro-religioso antes da urbanização do local. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está estudando minuciosamente os artefatos encontrados para identificá-los de maneira correta.
O Iphan garantiu que está empenhado em conciliar a implantação das obras do metrô Saracura com as normas de preservação do patrimônio cultural brasileiro, permitindo a conservação e estudo do relevante material arqueológico encontrado. A datação dos achados ainda não foi confirmada, mas as pesquisas continuam para desvendar mais detalhes sobre essa importante descoberta arqueológica em São Paulo.
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