DestaqueUOL

Em busca de Billy Wilder: a jornada rumo ao cineasta favorito desvendada em uma viagem repleta de admiração e nostalgia.

A busca por Billy Wilder: uma viagem em busca do cineasta favorito

No site da companhia aérea, no guichê do táxi, na recepção do hotel. Vários formulários tentando extrair um propósito único e razoável para minha viagem: ( ) turismo ( ) trabalho ( ) lazer. No entanto, onde clicar? O que preencher? Como providenciar a entrelinha que explique o gesto de pegar um avião rumo a São Paulo, atrás de Billy Wilder?

Tudo bem, eu sei, me despencar do Rio de Janeiro até o MIS do Jardim Europa só para conferir uma ótima exposição sobre meu cineasta favorito não parece algo grandioso. Por muito menos, me emburaquei pelos subterrâneos de Viena para registrar um edifício absolutamente comum. Dotado de uma plaquinha mequetrefe, escrita em alemão, mas que ao geolocalizar um fedelho específico me comoveu para chuchu. “Aqui viveu Billy Wilder entre 1914 e 1924, durante seus tempos de escola”. Imagem que há anos é meu avatar do WhatsApp.

Segui outros passos do diretor de “A Montanha dos Sete Abutres”. De Berlim, onde Herr Wilder começou na carreira de roteirista e fez “Cupido Não Tem Bandeira”, a Jacarepaguá, onde meu crachá de operária do audiovisual comprova: tenho, sim, a mesma profissão do meu ídolo. Ainda que, sacumé, desculpe qualquer coisa. “Ninguém é perfeito”.

Se meu muquifo falasse, certamente contaria que um pôster de “Crepúsculo dos Deuses” foi pendurado na sala antes que houvesse verba para um sofá. E que por várias vezes me identifiquei com a Senhorita Kubelik na cena do espelhinho quebrado. “Prefiro assim, reflete exatamente como me sinto”. No entanto, também dei a volta por cima, além de um vrau num playboy com a cara do William Holden. Faltaram apenas os figurinos de “Sabrina”.

Filmes antigos do Billy Wilder me ensinaram muito, mas sobretudo que a graça sempre seguirá o script da vida, tendo fartas doses de drama. E que, quando for verão, se o pecado morar ao lado, talvez valha a pena guardar a lingerie no congelador. Quiçá escorrer macarrão numa raquete de tênis.

Que bom, então, que esta viagem me deu direito a uma bagagem diferente. Tanto que empacotei ( ) admiração profissional, ( ) deleite cinéfilo, ( ) nostalgia holywoodiana —e um short mais substancial que a calçola da Marilyn Monroe. Afinal, todos os dias vestidos esvoaçam nas saídas de ar do metrô paulistano.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo