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Investigação revela divergências nos depoimentos sobre erros nos exames que resultaram em infecção por HIV em transplantes, no Rio.

Caso de infecção por HIV em transplantes: depoimentos revelam detalhes da investigação

No desenrolar das investigações sobre os erros nos exames que resultaram na infecção de seis pessoas por órgãos e tecidos transplantados com o vírus HIV, cada um dos envolvidos no PCS Lab prestou depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro. Até o momento, nenhum dos responsáveis assumiu a culpa pelos incidentes.

De acordo com informações obtidas pela equipe da Folha, os depoimentos revelaram que uma das principais linhas de investigação sugere que o controle de qualidade dos reagentes no laboratório foi reduzido visando o aumento do lucro. Contudo, nenhum dos envolvidos assumiu a responsabilidade por essa decisão, enquanto outros negam que tal redução tenha ocorrido.

Depoimentos-chave:

Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico de laboratório:
Ivanilson declarou que não assinava os laudos do laboratório e que a responsabilidade era do médico Walter Vieira, da farmacêutica Ariel Santos, de Jaqueline Iris e da bióloga Adriana Vargas. Ele apontou que a redução do controle de qualidade dos reagentes, de diário para semanal a partir de 2024, pode ter levado a erros nos resultados, suspeitando que a alteração foi motivada por questões financeiras.

Walter Vieira, médico e sócio do laboratório:
O médico atribuiu as contaminações a falhas humanas específicas nos procedimentos do laboratório. Ele citou casos envolvendo Cléber de Oliveira Santos e Ivanilson, destacando erros que teriam contribuído para os resultados equivocados.

Jaqueline Iris Bacellar, técnica em análises clínicas:
Jaqueline mencionou que o setor de TI do laboratório tinha acesso a logins e senhas que poderiam ter sido usados para adulterar resultados. Ela também afirmou que Walter Vieira teria ordenado a redução do controle de qualidade, mas posteriormente voltou atrás após uma fiscalização.

Relato das testemunhas:

Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora:
Adriana afirmou que o controle de qualidade dos equipamentos era feito diariamente por sua orientação e que nunca ordenou que fosse semanal.

Matheus Vieira, sócio do laboratório:
Matheus ressaltou que a senha master do setor de TI permitia apenas a correção de erros em laudos e que quaisquer alterações eram registradas no sistema.

Alexandre Guerra Azevedo, superintendente da Vigilância Sanitária de Nova Iguaçu:
A fiscalização da Vigilância Municipal verifica a existência de programas de manutenção dos equipamentos, mas não pode garantir que o controle de qualidade seja realizado diariamente, sendo incumbência dos administradores.

Ivair Silva Costa, técnico de laboratório:
Ivair relatou que Adriana Vargas teria sido responsável por ordenar a redução do controle de qualidade dos reagentes, destacando a importância do procedimento diário para garantir a precisão dos resultados.

Everaldo Medeiros Dias, técnico de laboratório:
Everaldo afirmou que Adriana Vargas determinou que o controle de qualidade fosse feito semanalmente após assumir o cargo, mas ele acredita que essa decisão foi orientada por superiores.

Ariel Santos de Sant’Anna, farmacêutica:
Ariel comentou sobre a sua atuação no laboratório e sobre a solicitação de assinatura em folhas em branco para uso digital.

Adriana Silva de Mesquita:
Adriana forneceu documentos de Jaqueline Iris Bacellar de Assis para sua contratação como supervisora técnica, incluindo um diploma e uma carteira de biomédica, que foram enviados por foto via WhatsApp.

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