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A Feira de Frankfurt encerrou neste domingo, com um cenário de conflito que se assemelha a uma guerra civil: a Itália, convidada de honra deste ano, em confronto com os autores italianos.
O embate se deu pelo fato de algumas das estrelas literárias italianas terem sido convidadas não pela delegação oficial do país, mas pela própria organização da feira. É o caso de Roberto Saviano, perseguido pela máfia por seu best-seller internacional “Gomorra”, e de Antonio Scurati, autor da premiada série “M”, que retrata a vida de Benito Mussolini de forma romanceada.
Ambos os autores não hesitaram em criticar diretamente o governo de Giorgia Meloni, considerado por eles como uma extrema-direita que ataca a cultura, conforme afirmou Scurati durante uma mesa de debate na última quarta-feira. Saviano, em entrevista ao jornal La Repubblica, expressou que via sua presença na feira como uma forma de resistência e um reflexo democrático.
No dia da abertura oficial do evento, na terça-feira, o ministro italiano Alessandro Giuli foi alvo de protestos e vaias por parte de alguns espectadores. O diretor da feira, Juergen Boos, teve de responder a questionamentos sobre a homenagem à Itália em um contexto tão conturbado, defendendo a importância de dar voz a todos os italianos e ouvir suas opiniões.
A Feira de Frankfurt é o maior encontro mundial de profissionais do livro, caracterizada principalmente pelos negócios. O evento, que abre ao público ao final da semana, atrai fãs que se vestem como seus personagens favoritos e conta com diversas atividades, como palestras de renomados especialistas do ramo literário.
No entanto, a quantidade de visitantes permanece inferior se comparada às bienais brasileiras, com números expressivos de público. As negociações entre agentes literários e editores têm se tornado mais criteriosas, e as transações comerciais menos impulsivas, com muitas sendo realizadas virtualmente antes ou depois da feira.
A Feira de Frankfurt tem se destacado como um elo importante para encontros comerciais e discussões sobre o mercado editorial, incentivando a comunicação direta entre os participantes e promovendo o crescimento e a diversificação do setor.
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