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O talentoso ator Silvero Pereira tem se destacado nos últimos anos na televisão e no cinema brasileiros, ao interpretar personagens queer que fogem dos estereótipos tradicionais de gays coadjuvantes e cômicos, como vimos em “Fina Estampa”.
Com papéis marcantes, como Raimundo Nonato em “A Força do Querer” e o revolucionário Lunga em “Bacurau”, Pereira agora surpreende ao dar vida a um dos mais temidos serial killers brasileiros, Francisco de Assis, no filme “Maníaco do Parque”.
Após sua participação em “De Repente Drag” e seu ativismo em prol dos direitos LGBTQIA+, a escolha de interpretar Francisco não foi aleatória. Em suas próprias palavras, “a busca por atores deve se basear em seu talento, desvinculado de sua vida pessoal”, como destacou durante o Festival do Rio.
O filme da Prime Video, dirigido por Mauricio Eça, retrata não apenas a história de Francisco, mas foca na investigação dos seus crimes pela jornalista Helena, interpretada por Giovanna Grigio.
A produção de “Maníaco do Parque” reforça a importância de abordar de forma responsável temas sensíveis, evitando romantizar atos criminosos. O diretor Eça ressalta que o objetivo do filme é prestar uma reparação histórica às mulheres vítimas de Francisco, sem glamorizar a figura do assassino.
O filme traz à tona debates sobre a representação da violência e a psicologia por trás de casos como o de Francisco. A pesquisadora Thaís Nunes, envolvida na criação do roteiro, lamenta a maneira como a mídia brasileira retratou o serial killer como sedutor, reforçando estereótipos nocivos.
Com cenas impactantes e momentos de suspense, as filmagens foram realizadas com o apoio de coordenadores de intimidade para garantir um ambiente seguro para o elenco. Pereira destaca que o streaming oferece mais oportunidades para atores queer, ampliando seus horizontes de atuação.
O papel de Pereira em “A Força do Querer” foi um marco em sua carreira televisiva, abrindo portas para novas possibilidades. O ator enxerga uma evolução na televisão brasileira, que está gradualmente se abrindo a narrativas mais diversificadas e corajosas.