Projeto do Trem de Alta Velocidade entre Rio e São Paulo é comprometido pela ocupação da Estação Leopoldina com a Cidade do Samba

A Importância da Estação Leopoldina para o TAV Rio-São Paulo
A história do transporte ferroviário no Brasil carrega consigo uma série de escolhas que influenciaram significativamente o cenário atual. Desde o declínio dos bondes no Rio de Janeiro até a priorização do transporte rodoviário em detrimento dos trens, os caminhos trilhados deixaram marcas profundas no desenvolvimento das redes de transporte do país.
Com um passado de investimentos na malha ferroviária que atingiu seu ápice em 1957, quando alcançou 31 mil quilômetros, o Brasil viu posteriormente a decadência desse sistema e o abandono de diversas linhas que conectavam importantes cidades. No entanto, mesmo diante do sucateamento de muitos trechos, o transporte de cargas sobre trilhos continuou a ser priorizado, mantendo parte da malha ferroviária ativa e até ampliada, embora em menor escala do que já foi um dia.
Com a proposta dos trens de alta velocidade, os TAV, surgida em 2007 e retomada posteriormente, a possibilidade de uma ligação rápida entre Rio e São Paulo voltou a ser considerada. O projeto do TAV Rio-São Paulo, autorizado em 2023 para construção e exploração pela empresa TAV Brasil, aponta para uma retomada do transporte ferroviário de passageiros em uma escala moderna e eficiente.
No entanto, a polêmica em torno da Estação Leopoldina, em que o ponto de partida do TAV no Rio de Janeiro seria localizado, levanta questões sobre preservação histórica, planejamento urbano e viabilidade do projeto. A decisão de repassar a estação à Prefeitura do Rio sem garantias de preservação para uma possível chegada do TAV, somada à proposta de ocupação da área pela Cidade do Samba 2, coloca em cheque a sustentabilidade do projeto ferroviário de alta velocidade na região.
A necessidade de conciliar interesses urbanos, culturais e de transporte de passageiros aponta para a importância de um diálogo entre os diversos atores envolvidos. A Estação Leopoldina, com sua relevância histórica e potencial estratégico para o TAV Rio-São Paulo, demanda uma abordagem cuidadosa e integrada que considere as diferentes demandas e possibilidades para o seu uso.
É fundamental que a sociedade civil, os governantes e demais agentes envolvidos se engajem em um debate construtivo sobre o futuro da Estação Leopoldina e do projeto do TAV. A preservação do patrimônio histórico, o planejamento urbano sustentável e a melhoria da mobilidade entre as metrópoles são temas essenciais que devem pautar as decisões relacionadas a essa importante infraestrutura ferroviária.
Ao olhar para o passado e compreender as escolhas que moldaram o presente, é possível vislumbrar um futuro em que a Estação Leopoldina se mantenha viva e ativa, contribuindo para a conectividade e o desenvolvimento socioeconômico da região. O TAV Rio-São Paulo representa não apenas um meio de transporte eficiente, mas também uma oportunidade de resgatar a importância dos trilhos na construção da identidade e da mobilidade no Brasil.