Instituto Oswaldo Cruz lidera teste clínico histórico para desenvolvimento de vacina contra hanseníase aprovado pela Anvisa

A vacina em questão, chamada LepVax, foi desenvolvida pelo Access to Advanced Health Institute (AAHI), um instituto americano de pesquisa biotecnológica sem fins lucrativos. Com uma tecnologia moderna de subunidade proteica, a LepVax mostrou resultados promissores nos testes pré-clínicos contra a bactéria Mycobacterium leprae, responsável pela doença.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a realização dos testes em humanos no Brasil, com a participação de 54 voluntários. Antes disso, a vacina passou por testes de segurança em 24 pessoas nos Estados Unidos, onde se mostrou segura e capaz de estimular a resposta imunológica.
O Brasil é um país com alta incidência de hanseníase, concentrando 90% dos casos na América e sendo o segundo no mundo em número de notificações da doença, atrás apenas da Índia. Em um período de 10 anos, foram registradas quase 245 mil novas infecções no país, evidenciando a necessidade de medidas eficazes para controlar a doença.
Os pesquisadores acreditam que a vacina poderá ter um impacto significativo no combate à hanseníase no Brasil, especialmente considerando a maturidade alcançada pelo Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz ao longo dos anos. A chefe do laboratório, Roberta Olmo, destaca a importância da LepVax como uma vacina que pode contribuir para as metas de controle da doença.
O teste clínico da LepVax no Brasil é parte dos esforços do Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (Cieds), formado por nove pastas lideradas pelo Ministério da Saúde. As metas incluem a interrupção da transmissão em 99% dos municípios, a eliminação da doença em 75% dos municípios e a redução de 30% do número de novos casos com incapacidade física aparente até 2030.
O Instituto Oswaldo Cruz avaliará a segurança e a eficácia da vacina, com os participantes recebendo três doses da aplicação correspondente ao seu grupo. O estudo conta com o financiamento de entidades filantrópicas e do Ministério da Saúde, demonstrando o compromisso de diversos setores na luta contra a hanseníase.
A expectativa é que o teste clínico da LepVax represente um marco na história da saúde pública brasileira, oferecendo uma nova ferramenta no combate a uma doença que afeta milhares de pessoas no país. A pesquisa realizada pelo IOC/Fiocruz tem o potencial de contribuir significativamente para o controle e a eliminação da hanseníase, trazendo benefícios para toda a população.