
Doações questionáveis da Codevasf viram tema de polêmica em Montes Claros e Salvador
No último dia 1 de novembro, durante o almoço, os espaços do Instituto Reconstruir, em Montes Claros (MG), estavam quase vazios. No entanto, as salas continham máquinas de costura doadas pela estatal Codevasf e material de campanha do então candidato a vereador Jefferson Joe (Solidariedade-MG).
Essa cena levantou suspeitas de uso eleitoral das doações feitas pela Codevasf. Em outras entidades assistenciais, como a academia de jiu-jítsu em Salvador, foram entregues máquinas de costura e outros equipamentos que levantaram questionamentos sobre a finalidade das doações.
A Codevasf, companhia criada na década de 1970 para promover projetos de irrigação no semiárido brasileiro, tem sido alvo de críticas por desvios de finalidade e possível uso político de seus benefícios. As doações a entidades privadas dificultam a fiscalização e o controle social sobre o uso correto dos bens distribuídos.
O líder do Instituto Reconstruir afirmou que as máquinas recebidas foram financiadas com emendas de parlamentares. No entanto, a presença de material de campanha e a transformação dos espaços em comitês eleitorais levantam questões sobre a transparência e lisura nessas doações.
Resposta da Codevasf
Procurada pela reportagem, a Codevasf defendeu que suas doações estão dentro da lei e servem ao interesse social. A estatal afirmou que qualquer uso político dos bens doados configura conduta irregular e pode resultar na reintegração dos itens ao patrimônio da companhia.
As doações feitas para a Associação Nordeste Jiu Jitsu MMA em Salvador foram justificadas pela Codevasf como um incentivo à profissionalização de mães de alunos e moradores da região. No entanto, a presença de material de campanha dentro da entidade levanta dúvidas sobre a real destinação dos equipamentos.
Os casos envolvendo as doações da Codevasf continuam sob escrutínio e levantam preocupações sobre o uso correto dos recursos públicos e a transparência nas ações da estatal.