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Escândalo de distribuição de bens pela estatal Codevasf é exposto durante eleições municipais
No último dia 3, o então candidato a vereador Zelito do Povo (PT) foi abordado pela Folha ao retirar um trator de um depósito da estatal Codevasf, doado a uma associação de agricultores. A cena expôs a ligação entre políticos e a estatal, revelando como a distribuição de bens se tornou uma prática comum na companhia.
Zelito tentou impedir a reportagem de tirar fotos do trator, mas não escondeu que o equipamento foi conseguido com recursos de emenda parlamentar do deputado federal Charles Fernandes (PSD-BA). Essa situação na cidade baiana de Guanambi representa a continuidade da distribuição de bens da estatal, iniciada na gestão de Jair Bolsonaro e mantida no governo de Lula.
Os números impressionam: em 2024, as doações de máquinas, equipamentos e materiais pela Codevasf atingiram a marca de R$ 547 milhões até o mês de setembro, superando os valores do período eleitoral de 2020. A empresa, criada na década de 1970 para promover projetos de irrigação, atualmente serve como um depósito de presentes para políticos.
O modelo de distribuição é questionável, com congressistas escolhendo os bens como se estivessem folheando um catálogo. Lula e seus aliados prometeram acabar com essa prática durante as eleições de 2022, mas as doações continuam sem controle. No entanto, a Codevasf afirma que suas doações seguem a lei e são destinadas ao interesse social e regional.
Outro lado: Doações seguem a lei, diz Codevasf
A Codevasf alega que suas doações são feitas de acordo com a legislação eleitoral, assegurando o correto uso dos bens doados. A empresa também esclarece que as doações a entidades privadas são baseadas em pareceres técnicos e visam o desenvolvimento regional.
Apesar das denúncias de uso político, a Codevasf justifica que suas ações são transparentes e visam beneficiar a população. As doações realizadas durante as eleições municipais estão sob escrutínio, mas a empresa garante que tudo está de acordo com a lei.
Após a eleição, Zelito do Povo se pronunciou, explicando que buscou o trator a pedido da associação de agricultores e negou qualquer irregularidade em sua ação. O escândalo de distribuição de bens pela Codevasf durante as eleições municipais coloca em xeque a integridade da empresa e levanta questionamentos sobre a ética na política brasileira.