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Vereador eleito em Ferraz de Vasconcelos, conhecido como “Ewerton Inha”, tem ligação com grupo envolvido em fraudes milionárias.

O candidato Ewerton de Lissa Souza, também conhecido como Ewerton Inha, do partido Podemos, foi eleito vereador em Ferraz de Vasconcelos, município localizado na Grande São Paulo. Inha conquistou 2.552 votos e ocupará o mesmo cargo que seu pai, Flávio Batista de Souza, mais conhecido como Flávio Inha, também do Podemos. Flávio Inha, no entanto, encontra-se preso sob acusações de envolvimento em um esquema de fraudes em licitações no valor de mais de R$ 200 milhões, supostamente ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A campanha de Ewerton Inha contou com doações de seis pessoas, totalizando R$ 29,5 mil. Entre os doadores estão seu irmão, Flávio Batista de Souza Junior, e um ex-servidor que trabalhou com seu pai na Câmara Municipal da cidade.

Até o momento da redação deste texto, a equipe do Estadão não conseguiu contato com Ewerton Inha para comentar as acusações contra seu pai, Flávio Inha. O espaço está aberto para futuros posicionamentos.

O jornal Estadão teve acesso a mensagens interceptadas durante a Operação Muditia, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que apontam a suposta participação de Flávio Inha em esquemas de corrupção. As conversas revelam planos de combinação de propina entre Flávio Inha e o cantor de pagode Vagner Borges Dias, conhecido como “Latrell Brito”.

Uma das mensagens que levantam suspeitas sobre o vereador remonta a junho de 2020, onde Latrell menciona um pagamento de R$ 7 mil, faltando ainda R$ 500, que seriam enviados na sequência. Antes disso, Latrell teria transferido a Flávio Inha o montante de R$ 267 mil, referentes a valores mensais pagos pela prefeitura em contratos de serviços de limpeza.

Latrell Brito é dono da empresa Vagner Borges Dias ME, prestadora de serviços de limpeza para o Metrô. O MP-SP alega que Latrell foi pressionado pelo PCC a repassar parte dos R$ 14 milhões recebidos pela empresa no contrato. A empresa de Latrell também prestava serviços para a prefeitura de Ferraz de Vasconcelos.

Os promotores identificaram um suposto esquema de 7% de propina descrito por Latrell Britto em uma das mensagens. Ao cruzar os valores mencionados na conversa, concluíram que o montante correspondia exatamente a 7% do valor das notas pagas pela prefeitura à empresa de Latrell.

Além de Flávio Inha, a Operação Muditia resultou na prisão dos vereadores Luiz Carlos Alves Dias, conhecido como “Luizão Arquiteto” (MDB), de Santa Isabel, e Ricardo de Oliveira, também conhecido como “Ricardo Queixão” (Podemos), de Cubatão. A Promotoria denunciou esses políticos à Justiça em abril, juntamente com outros envolvidos nos esquemas de corrupção na região.

No mês de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de liberdade de Flávio Inha e determinou a manutenção de sua prisão. O ministro Dias Toffoli sustentou que não havia ilegalidades que justificassem a soltura do ex-vereador, como solicitado por sua defesa.

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