
Furacões na Reta Final das Eleições Americanas
Com todas as reviravoltas já vistas nesta eleição americana, um novo elemento surpresa surgiu na reta final do pleito: furacões. O impacto dos desastres nas urnas é incerto, tornando ainda mais imprevisível o que analistas já esperam ser o pleito mais acirrado da história dos Estados Unidos.
A temporada de furacões no país acontece sempre no segundo semestre: o Katrina atingiu a Louisiana em agosto de 2005, o Sandy impactou Nova York e Nova Jersey em outubro de 2012, às vésperas da votação que reelegeu Barack Obama —e é apontado por muitos como um fator importante para esse resultado. Em setembro de 2017, primeiro ano de governo de Donald Trump, o Maria devastou Porto Rico.
Neste ano, dois furacões impactaram a reta final das eleições. O Helene atingiu a Flórida no final de setembro e provocou mais de 230 mortes na Carolina do Norte e na Geórgia, estados que definirão o resultado da eleição deste ano. Ainda não se sabe quais serão as consequências do furacão Milton, mas a apreensão às vésperas de sua chegada já deixou marcas no polarizado cenário político.
Em um país onde o voto não é obrigatório, a primeira preocupação é com o impacto dos desastres na participação eleitoral —o temor é que, diante das dificuldades enfrentadas pelos atingidos diretamente, as pessoas deixem de votar.
A Fema, agência federal responsável pela resposta a emergências, colocou 82 condados da Geórgia e da Carolina do Norte na lista daqueles cujos moradores têm direito a algum tipo de auxílio em decorrência da passagem do Helene. Segundo análises, esses locais foram responsáveis por uma parcela significativa dos votos nas eleições anteriores.
Kamala x Trump
No primeiro estado, Trump teve vantagem sobre Joe Biden nessas áreas, de acordo com levantamentos. A melhor pesquisa de intenção de voto recente mostra Trump e Kamala tecnicamente empatados. A participação eleitoral pode ser crucial para o resultado final, com Trump tentando incentivar seus eleitores a comparecer às urnas.
Muitos apoiadores do empresário têm espalhado teorias da conspiração afirmando que os furacões foram fabricados pelo governo Biden. O próprio candidato e aliados poderosos, como Elon Musk, vêm difundindo uma série de mentiras sobre a resposta federal aos furacões.
O fato de uma parte significativa dos eleitores votarem à distância nos EUA também vem sendo explorado, com mudanças nas regras de votação sendo implementadas para facilitar a participação eleitoral.
Lá Fora
Para acomodar esses eleitores, os estados atingidos têm feito pequenas mudanças nas regras de votação. Mesmo essas mudanças, implementadas para facilitar a votação, podem virar arma para questionar o resultado da eleição, alertam especialistas.
Além da participação eleitoral, é impossível saber o impacto dos furacões nas preferências dos eleitores. As duas campanhas tentam reagir, com Trump usando os desastres para atacar o governo e Kamala e os Democratas preocupados em mostrar serviço para evitar avaliações negativas da resposta aos desastres.
Uma pesquisa recente mostra que a avaliação do desempenho de Biden na resposta aos furacões não é positiva. O cenário eleitoral fica ainda mais imprevisível diante dessas incertezas e dos desafios causados pelos furacões na reta final das eleições americanas.