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Iguatemi fecha acordo de exclusividade com Brookfield para compra de shoppings em São Paulo; negócio pode ultrapassar R$1 bilhão

A administradora de shoppings Iguatemi S.A. fechou um acordo de exclusividade com a multinacional canadense Brookfield para a aquisição da participação desta nos shoppings Pátio Paulista e Higienópolis, localizados em São Paulo, segundo informações obtidas por fontes próximas ao negócio. A notícia foi inicialmente divulgada pelo jornal Valor Econômico e posteriormente confirmada pela Folha.

Nesse sentido, a Iguatemi terá um prazo de 30 dias para apresentar uma oferta vinculante, documento que evidencia o interesse do comprador em concretizar o negócio. Procurada, a Brookfield optou por não comentar sobre o assunto, enquanto a Iguatemi declarou que não comenta especulações de mercado.

Fontes ligadas à transação informaram que a venda dos shoppings está passando por um processo competitivo, com a Allos, empresa resultante da fusão entre a Aliansce Sonae e brMalls, sendo uma forte concorrente ao lado da Iguatemi. Ambas as companhias têm disputado espaço em shoppings de alto padrão pelo Brasil.

O valor da transação para a aquisição das participações nos shoppings ainda está em fase de negociação, conforme relatos das fontes. De acordo com um relatório recente do Citi, estima-se que somente a fatia da Brookfield no shopping Higienópolis possa valer em torno de R$ 1,2 bilhão.

Esse potencial negócio poderia se configurar como a maior transação desse tipo no Brasil, uma vez que o valor estimado está próximo da maior venda de um ativo único no país, que foi a compra, no início deste ano, do edifício que abrigava a locação do Itaú Unibanco da Brookfield na avenida Faria Lima, principal centro financeiro de São Paulo, por quase R$ 1,5 bilhão.

No início de setembro, a Brookfield contratou o Bradesco BBI e o BTG para estruturar a venda de suas participações nos shoppings Pátio Paulista e Higienópolis, conforme fontes próximas ao assunto. Essa decisão veio após a saída da empresa canadense de outros empreendimentos comerciais no Brasil, incluindo o shopping Rio Sul.

O Citi aponta que esse movimento se deve ao fato de que, mesmo sendo acionista majoritária desses shoppings, a Brookfield não se considera como tal devido à presença de outros investidores em suas participações, e ela busca manter apenas imóveis nos quais tenha controle direto.

A participação da Brookfield nos empreendimentos é realizada por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que é composta pela multinacional e outros investidores internacionais. No caso do Pátio Higienópolis, a SPE possui 51% de participação, enquanto a FII SHPH11 detém 25,7%, a Iguatemi 11,5%, e os outros 12% são distribuídos entre acionistas menores.

O banco previu que, com o sucesso do shopping Higienópolis, a Iguatemi poderia exercer seu direito de preferência sobre sua fatia de 11,5%. Caso os demais parceiros não exerçam seu direito, a Iguatemi poderá contar com o fundo BBIG11 em uma possível parceria, conforme citado no relatório bancário.

Por outro lado, o Itaú BBA ressaltou que as taxas implícitas na transação estão consideravelmente abaixo da taxa atual implícita nas ações da Iguatemi na Bolsa, que é de 13%. Por isso, a reação inicial do mercado à notícia tende a ser negativa, de acordo com o banco.

As ações da Iguatemi encerraram o pregão nesta terça-feira (8) em queda de 0,69%, cotadas a R$ 21,59, um dia após a divulgação pública da informação. Analistas do Itaú ponderaram que o tamanho da transação é significativamente maior do que a dívida líquida da empresa, estimada em R$ 1,7 bilhão no balanço referente ao segundo trimestre deste ano, o que poderia agravar o endividamento da companhia.

Entretanto, o banco destacou que algumas variáveis desconhecidas podem alterar a percepção do negócio, como a taxa de administração que a Iguatemi poderá cobrar caso assuma a administração do Pátio Paulista, a possível decisão dos demais acionistas em exercer seu direito de preferência, a entrada de novos parceiros na negociação, e melhorias nos ativos que possam aumentar a taxa de retorno.

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