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Eleições municipais refletem o domínio do centrão e o enfraquecimento de Bolsonaro e Lula: análise das bancadas e desempenho dos partidos.

Análise das Eleições Municipais 2022

A política brasileira parece ter entrado em uma nova era, o centronoceno, marcada pela ascensão do centrão. Neste cenário pós-eleições, podemos observar que o presidente Jair Bolsonaro se mostrou um padrinho político mais eficiente do que seu antecessor, Lula. No entanto, os grandes vencedores do pleito do último domingo (6) foram os partidos tradicionais não radicalizados, como PSD, MDB e PP.

O PSD, o MDB e o PP foram os partidos que conquistaram as maiores bancadas de prefeitos, somando 878, 847 e 743 eleitos, respectivamente. Quando consideramos o número de vereadores eleitos, essas mesmas siglas lideram, com MDB, PP e PSD, em ordem diferente.

O Partido dos Trabalhadores, por sua vez, registrou uma leve melhoria em sua performance, elegendo 248 prefeitos, comparado a 179 em 2020. No entanto, é inegável que o PT e as demais forças de esquerda tiveram um desempenho aquém do esperado. A legenda de Lula ficou atrás até do enfraquecido PSDB e seus avanços se concentram em cidades menores do Nordeste. A esquerda ainda mantém presença na disputa em São Paulo, com Guilherme Boulos como azarão.

O PL de Jair Bolsonaro ficou em quinto lugar, com 510 prefeitos eleitos, demonstrando força ao conduzir alguns candidatos ao segundo turno. No entanto, o resultado também mostrou fragilidades, com sua liderança na direita radical sendo desafiada e sua capacidade de apoio colocada em xeque.

Os resultados eleitorais do centrão refletem as mudanças no equilíbrio de poder entre Executivo e Legislativo. Nos últimos anos, os parlamentares têm conquistado mais influência e acesso a recursos do orçamento, principalmente por meio de emendas. Um levantamento do jornal O Globo revelou que nas cidades mais beneficiadas por emendas, a taxa de reeleição de prefeitos foi maior.

Esse rearranjo político foi crucial para conter eventuais investidas autoritárias de Bolsonaro, mas também traz consigo seus desafios. O centrão é conhecido por sua natureza fisiológica e falta de um projeto claro para o país, o que pode comprometer a eficácia das ações governamentais. Além disso, a responsabilização política do Parlamento no Brasil ainda é bastante limitada.

As eleições municipais de 2022 revelaram, portanto, um novo panorama político no país, com o centrão emergindo como uma força significativa, mas não isenta de críticas e desafios para o futuro da democracia no Brasil.

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