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Atraso no diagnóstico de câncer de mama e colo de útero é o maior desafio no controle da doença no Brasil, apontam especialistas.

08/10/2024 – 20:31

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Seminário integra a programação do Outubro Rosa

Em um seminário realizado na Câmara dos Deputados, especialistas ressaltaram que o atraso no diagnóstico do câncer de mama e de colo de útero ainda é o maior desafio para o controle da doença no Brasil. De acordo com os participantes, pode haver uma demora de até seis meses entre a suspeita do surgimento de um tumor e o início do tratamento no Sistema Único de Saúde.

Segundo a oncologista Susana Ramalho, do Hospital da Mulher da Universidade de Campinas (Unicamp), durante esse período, a paciente pode perder a oportunidade de cura da doença.

“Dentro de um serviço de tratamento, em menos de 30 a 60 dias, ela começa com o tratamento. Mas até elas chegarem lá, esse tempo vira 180 dias. E quando ele vira 180 dias numa mulher negra, com um subtipo de câncer agressivo, ele pode muito fortemente ser um câncer não curável”, afirmou ela.

Os participantes do debate destacaram que o câncer de mama já é a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil.

O presidente da comissão especial de Combate ao Câncer no Brasil, deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), ressaltou que a cada 30 minutos uma mulher morre em decorrência desse tipo de tumor. Anualmente, mais de 18 mil mulheres perdem a vida por causa da doença, que pode ser curada em até 95% dos casos se detectada precocemente.

Câncer de colo de útero

A médica Gabriela Moreira afirmou que o câncer de colo de útero mata uma mulher a cada 25 minutos e é a segunda principal causa de morte por tumores malignos no país. Ela ressaltou que esse tipo de câncer é o único que pode ser prevenido e erradicado.

A quase totalidade dos casos de tumor no colo do útero é causada pelo vírus HPV, para o qual já existe vacina gratuita no SUS. Além disso, se as lesões causadas pelo vírus forem detectadas precocemente, podem ser tratadas.

Centros especializados

Devido aos problemas no diagnóstico, a presidente da Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília, Joana Jeker, destacou que cerca de metade dos casos de câncer é diagnosticada em estágio avançado no Brasil. Ela propôs a criação de centros que concentrem todas as etapas do diagnóstico, permitindo a entrega do resultado do exame em um único dia.

O centro deveria contar com equipamentos e profissionais especializados, como mamógrafo digital e aparelho de ultrassom mamário, assim como mastologista e radiologista, defendeu Joana Jeker.

Prevenção

A oncologista Daniela Laperche defendeu a realização de exames de detecção de mutações genéticas que predispõem as mulheres ao câncer de mama e de ovário pelo SUS. Ela explicou que esses testes poderiam gerar economia para os cofres públicos, visto que o tratamento do câncer é mais oneroso.

Com a detecção de mutações predisponentes, medidas preventivas como cirurgias de remoção das mamas e ovários ou uso de medicamentos poderiam ser adotadas.

O oncologista Romualdo Barroso solicitou a inclusão de medicamentos inibidores de ciclina e trastuzumabe entansina no sistema público, utilizados no tratamento de casos avançados de câncer.

Parte das atividades do Outubro Rosa, o Seminário foi promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. O Outubro Rosa tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do tratamento adequado do câncer de mama.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Wilson Silveira

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