
No dia 16 de setembro de 1973, cinco dias depois do golpe militar que depôs Salvador Allende, uma colossal estátua de bronze foi derrubada em Santiago, Chile.
O estrondo da queda abrupta despertou os moradores de San Miguel, bairro populoso onde o monumento havia sido inaugurado três anos antes com grande pompa. Esta foi a primeira estátua de Che Guevara erguida no mundo.
Poucas são as imagens do acontecimento, mas em recortes de imprensa é possível ver um caminhão militar arrastando os destroços da homenagem ao guerrilheiro argentino. E a partir daí, todo rastro se perde: a estátua está desaparecida há mais de 50 anos.
No seu segundo romance, intitulado “Revolución”, o jornalista e escritor chileno Juan Pablo Meneses se dedica a resgatar do esquecimento a história singular dessa estátua, que foi reverenciada, mas também foi alvo de ataques e até mesmo decapitada por opositores de ideologias revolucionárias.
Em entrevista à BBC Mundo, Meneses reflete sobre a origem da sua inspiração para abordar este assunto intrigante. Ele ressalta a importância de resgatar histórias desconhecidas que fazem parte da memória da América Latina e de utilizar a ficção para preencher lacunas e revelar verdades ocultas.
A estátua de Che Guevara, que media cerca de dez metros, foi um símbolo não apenas do guerrilheiro, mas também de um período conturbado da história chilena, que culminou com a sua derrubada logo após o golpe militar de Pinochet, em um país dividido entre violência e fanatismo político.
O desaparecimento da estátua permanece um enigma até os dias de hoje, com teorias que apontam para destinos diversos, como um armazém militar ou até enterrada sob uma piscina. A busca pela verdade sobre o paradeiro do monumento se torna parte essencial da narrativa de Meneses, que destaca a importância de resgatar não apenas a memória de Che Guevara, mas também dos personagens envolvidos na construção e destruição da estátua.