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Dilema dos investidores: Tesouro Prefixado 2027 ou CDB a 110% do CDI? Qual a melhor escolha em meio à volatilidade econômica?

O Dilema dos Investidores: Tesouro Prefixado 2027 ou CDB a 110% do CDI?

O dilema de investir em produtos prefixados é uma das maiores preocupações dos investidores: o medo de perder oportunidades caso as taxas de juros subam ou de ficar preso a um rendimento abaixo da inflação. Afinal, ninguém quer comprometer seu capital em um cenário econômico incerto. Com as expectativas de Selic flutuando, muitos se perguntam: vale a pena apostar no Tesouro Prefixado 2027 ou é melhor optar por um CDB que oferece 110% do CDI?

Esse receio não é infundado. Entre 2019 e 2021, muitos investidores aplicaram em títulos prefixados com taxas entre 7% e 9% ao ano, acreditando que a Selic não voltaria a ultrapassar esse patamar. Estávamos errados. Confesso, eu também acreditei nisso à época. O segredo é sempre manter uma exposição controlada. Diferente de muitos, que criam aversão a produtos que não performam como esperado, aceito que erros fazem parte da jornada. O importante é reavaliar continuamente à luz do cenário atual. Então, vamos analisar as duas alternativas.

Comecemos pelo Tesouro Prefixado 2027, atualmente oferecendo uma taxa de 12,3% ao ano. Considerando o custo de custódia do Tesouro Direto, esse retorno efetivo cai para 12,1% ao ano. Independentemente de como o cenário de juros e inflação evoluam, esse investimento garante um retorno fixo no vencimento. A grande vantagem é a previsibilidade: você sabe exatamente quanto receberá ao final do período. No entanto, o risco está no comportamento futuro da Selic e da inflação. Se a Selic subir além do previsto, o rendimento prefixado pode se tornar menos atrativo, pois produtos atrelados ao CDI tendem a acompanhar essas altas.

Agora, comparemos com o CDB a 110% do CDI. Esse tipo de investimento segue as variações da Selic, ou seja, se os juros continuarem a subir, o retorno também aumentará. Vamos considerar um cenário médio, no qual o CDI para os próximos três anos (2025 a 2029) seja de 12%, 11% e 10% ao ano, respectivamente. Para o último trimestre de 2024, assumimos um CDI de 11%.

Perceba que 110% de 12% ao ano que é a estimativa para CDI no próximo ano vai resultar e 13,2% ao ano. Portanto, no curto prazo, a alternativa a 110% do CDI no CDB deve apresentar maior retorno. O problema é a queda esperada para os anos seguintes.

Curiosamente, no cenário para Selic apresentado acima, os dois investimentos oferecem o mesmo retorno. Isso mesmo, um investimento de R$ 10 mil resultaria no vencimento em cerca de R$ 14,5 mil para o Tesouro prefixado 2027 e para um CDB a 110% do CDI. Então, como escolher?

A escolha deve levar em conta os riscos e benefícios de cada opção. O Tesouro Prefixado traz o risco da marcação a mercado: se precisar vender antes do vencimento, poderá enfrentar uma desvalorização caso as taxas de juros subam. Entretanto, possui maior liquidez para venda. Por outro lado, o CDB, protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição, oferece menos liquidez, mas proporciona menor desconforto com oscilações.

Vale lembrar que esse cenário é apenas uma das várias possibilidades. Assim como o mercado errou no início do ano ao prever uma Selic muito mais baixa, ele pode estar errando novamente ao apostar em uma Selic mais alta. Se o erro for dessa natureza, o Tesouro Prefixado pode se mostrar a melhor alternativa.

Em resumo, o Tesouro Prefixado 2027 pode ser uma boa escolha para quem busca segurança, previsibilidade e quer capturar um prêmio pelos juros elevados que estamos vivendo. Contudo, se o seu objetivo é tranquilidade em um ambiente de alta de juros, o CDB a 110% do CDI oferece menor volatilidade e maior retorno no curto prazo. Como sempre, a decisão deve estar alinhada ao seu perfil de risco e à sua necessidade de liquidez.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.


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