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Agência de classificação não vê fundamentos para melhora na nota de crédito soberano do Brasil, diz analista da S&P.

S&P Global não vê fundamentos para melhora na nota de crédito soberano do Brasil

Por João Silva, repórter econômico

Segundo Manuel Orozco, principal analista do Brasil na agência de classificação de risco S&P Global, não há fundamentos no momento para uma nova melhora na nota de crédito soberano do país. De acordo com Orozco, a mudança na classificação dependerá da capacidade do governo de estabilizar a dívida pública e manter um crescimento econômico consistente nos próximos anos, cenário que a agência não vislumbra no momento.

“Isso é possível, mas depende de fatores que, em nossa opinião, ainda não estão presentes”, afirmou em entrevista à Folha. Ele ressaltou que a agência mantém uma perspectiva estável para o Brasil, indicando que a probabilidade de a classificação se manter no nível atual é maior do que a de uma mudança para cima ou para baixo.

Orozco destacou que o crescimento econômico mais forte e consistente do Brasil contribuiu para a melhora na nota do país, mas ressaltou que a S&P não enxerga sustentabilidade desse cenário no futuro.

Ele apontou que boa parte do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é impulsionado pelo consumo interno e que o ambiente de alta dos juros impõe um limite a esse crescimento econômico.

As declarações ocorrem após a elevação da nota do Brasil pela agência Moody’s de “Ba2” para “Ba1”, com perspectiva “positiva”, colocando o país a um passo do grau de investimento. A agência não alterava a classificação do Brasil desde 2016.

Com relação à trajetória da dívida pública brasileira, Orozco alertou para um crescimento acelerado até 2027, citando o aumento da dívida líquida em relação ao PIB. Ele também mencionou a deterioração das contas públicas em 2023, apontando pressões para as despesas, como as vinculações constitucionais dos gastos com saúde e educação.

Orozco expressou ceticismo em relação à capacidade do governo de cumprir a meta de zerar o déficit fiscal no próximo ano, citando a saturação da carga tributária como obstáculo para aumentar a arrecadação.

O analista ressaltou a importância de cortar gastos e desvincular despesas constitucionais como medida fundamental para o país. Ele também manifestou interesse em observar se os mecanismos fiscais para conter o crescimento de gastos em caso de não atingimento da meta fiscal serão eficazes em 2026.

Em meio a esse cenário, a S&P Global segue atenta à evolução da economia brasileira, garantindo uma cobertura ampla e detalhada dos desafios e perspectivas do país.

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