Pele alvo: maioria dos mortos pela polícia em 2022 foi de negros; números revelam racismo estrutural, aponta estudo da Rede de Observatórios da Segurança.

O estudo aponta que o Maranhão não informou a cor ou raça de nenhum dos mortos, enquanto no Ceará e no Pará há um grande número de mortos sem essa identificação, correspondendo a 69,7% e 66,2% do total, respectivamente. Essas discrepâncias revelam a falta de transparência em relação aos dados por parte dessas polícias estaduais, o que levanta questionamentos sobre a abordagem e o tratamento de dados relacionados à violência policial.
De acordo com o coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Pablo Nunes, a prevalência de mortes de indivíduos negros por parte da polícia é uma consequência direta do racismo estrutural presente na sociedade. O pesquisador também aponta para a falta de transparência na coleta e divulgação desses dados em alguns estados, como Maranhão, Ceará e Pará, o que evidencia a negligência das autoridades em relação à questão.
Em relação aos posicionamentos das secretarias de segurança dos estados analisados, destaca-se a ênfase em cursos de formação e aperfeiçoamento para aprimorar o trabalho das forças policiais, bem como a alegação de que as ações policiais seguem parâmetros técnicos e legais. A criação de diretrizes para ajustar procedimentos e a busca por medidas que reduzam a letalidade policial são apontadas como iniciativas para lidar com esse cenário.
A pesquisadora da Rede de Observatórios, Silvia Ramos, ressalta a importância de compreender a questão das mortes em decorrência de ações policiais como um problema político e social, que demanda políticas públicas mais efetivas para combater o racismo estrutural que permeia a atuação das forças de segurança. A constância dos números de mortes de negros pela polícia ressalta a necessidade de mudanças significativas nesse contexto.
A persistência dessas estatísticas ao longo dos anos indica a urgência de se repensar as estratégias de atuação das forças policiais, bem como a implementação de políticas mais eficazes para abordar o problema do racismo estrutural na sociedade e na atuação das corporações de segurança pública. A transparência na divulgação de informações e a criação de mecanismos efetivos de controle e responsabilização das forças policiais também se mostram fundamentais para enfrentar esse desafio. A Agência Brasil entrou em contato com as polícias dos outros estados e aguarda os posicionamentos.