Indígenas no Acre lideram ações de reflorestamento, combatendo o desmatamento na Amazônia, em defesa do meio ambiente.

Um exemplo é a Terra Indígena Puyanawa, localizada no município de Mâncio Lima, a cerca de 700 quilômetros de Rio Branco. O território, que abrange uma área de 24,5 mil hectares e é lar de cerca de 750 pessoas distribuídas em duas aldeias, perdeu 5,8% de sua cobertura florestal original. Essa porção de terra já havia sido desmatada por fazendeiros que exploraram a região antes da demarcação.
A região onde a Terra Puyanawa está localizada foi invadida por colonizadores no início dos anos 1900, durante o ciclo da borracha. Os povos indígenas foram forçados a trabalhar como mão de obra na extração do látex por décadas, tendo suas terras expropriadas. A demarcação do território só ocorreu em 2001.
Liderada por Puwe Puyanawa, a Aliança Reflorestar busca demonstrar às comunidades indígenas o que pode ser feito em áreas degradadas, transformando esses locais em paraísos naturais. O projeto conta com o apoio de técnicos da Embrapa, do governo do estado e da organização SOS Amazônia. Segundo o programa, investir na recuperação de áreas degradadas é fundamental para o futuro do planeta, considerando o ritmo acelerado de desmatamento na Amazônia.
Os indígenas puyanawa já possuem conhecimento técnico sobre coleta de sementes, estruturação de viveiros de mudas e implementação de sistemas agroflorestais. A primeira experiência do projeto foi realizada na Terra Indígena Yawanawá, onde foram plantadas 5,7 mil mudas entre janeiro e maio de 2020. Agora, o trabalho está sendo realizado em uma área de 9 hectares na Terra Puyanawa, com o objetivo de chegar a 30 mil mudas.
As terras indígenas desempenham um papel fundamental na proteção contra o desmatamento no Brasil. De acordo com o MapBiomas, enquanto as terras indígenas perderam apenas 1% de sua cobertura florestal nativa nos últimos 30 anos, nas áreas privadas o percentual foi de 20,6%. No total, as terras indígenas correspondem a 19,5% da vegetação nativa do Brasil.
A Aliança Reflorestar destaca que desde a demarcação da Terra Indígena Puyanawa em 2001, a taxa média de desmatamento tem diminuído. Nos últimos anos, não ocorreram novos desmatamentos, mostrando o esforço da comunidade em preservar a floresta primária. Estudos também mostram que as taxas de desmatamento são mais baixas em terras indígenas regularizadas, o que contribui para a redução das emissões de dióxido de carbono.
O projeto Aliança Reflorestar na Terra Indígena Puyanawa é um exemplo de como os povos indígenas estão se tornando protagonistas na recuperação de áreas degradadas e na proteção das florestas tropicais. Com o apoio de parceiros e financiamento, eles estão trabalhando para restaurar a biodiversidade e garantir um futuro sustentável para a região amazônica.