Brasil está a um passo do grau de investimento, mas esforço fiscal ainda é necessário para alcançar o próximo patamar

Economistas analisam a elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody’s Ratings

No cenário macroeconômico atual do Brasil, com inflação controlada e um crescimento de quase 3% no último ano, os economistas apontam que esses fatores foram determinantes para a agência de classificação de risco Moody’s Ratings elevar a nota de crédito do país, que agora está a um passo do grau de investimento. No entanto, para atingir esse próximo patamar, o governo precisará realizar um esforço fiscal mais significativo, afirmam os especialistas.

Atualmente, o Brasil permanece no nível especulativo, com a nota “Ba1”. Em relatório divulgado, a Moody’s destacou que a credibilidade do cenário fiscal brasileiro ainda é moderada.

O grau de investimento é essencial, pois indica que um país é considerado seguro para investimentos, com baixo risco de calote, de acordo com agências internacionais de classificação de risco.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, a situação econômica do Brasil é favorável, porém, a questão fiscal é o principal obstáculo para avanços. Ele cita um déficit fiscal expressivo para os próximos anos, assim como um aumento da dívida pública.

De acordo com dados oficiais apresentados na proposta de Orçamento de 2025 e no quarto relatório de avaliação de receitas e despesas do Orçamento deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve deixar o cargo após um mandato com déficit fiscal efetivo nos quatro anos de gestão.

Folha Mercado

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Vale ressalta que o arcabouço fiscal em vigor, que substituiu o teto de gastos, é apenas uma medida paliativa. Para conquistar o grau de investimento, será necessário um ajuste fiscal mais robusto e duradouro por parte do governo atual ou do próximo, com medidas como a desvinculação do salário mínimo da Previdência Social.

Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, destaca que, para alcançar o grau de investimento, o Brasil precisa estabilizar ou reduzir sua dívida pública, manter o crescimento econômico e manter a inflação sob controle. Salles também ressalta a importância da reforma administrativa e da abertura da economia para atrair mais investimentos estrangeiros.

Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, avalia que o upgrade do Brasil pela Moody’s é justo, considerando a situação do país em comparação com outros mercados, como Argentina, México e Índia. No entanto, ele alerta para os resultados das despesas públicas, sendo o primeiro semestre de 2025 marcado por um déficit recorde de R$ 68,7 bilhões.

Gala acredita que, com o crescimento econômico observado, o Brasil está mais próximo do grau de investimento e prevê que isso possa acontecer nos próximos dois anos, desde que o país mantenha o compromisso com o arcabouço fiscal e implemente medidas de controle de gastos.

Felipe Miranda, da Empiricus, ressalta a importância da questão fiscal e também questiona a relevância das agências de classificação de risco nos mercados atualmente. Ele destaca a necessidade de medidas mais concretas e eficazes para conter os gastos fiscais no Brasil.

O banco Fator também expressou preocupação com a credibilidade fiscal do Brasil após a elevação da nota pela Moody’s, citando que a decisão pode ter sido um pouco precipitada. No entanto, a agência aponta que a trajetória fiscal do país ainda é um tema sensível.

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