Pressão dos produtos agropecuários retorna à inflação
Embora ainda em ritmo baixo, a pressão dos produtos agropecuários retorna à inflação. Após uma deflação de 0,29% em agosto, os alimentos terminam setembro com alta para os consumidores.
Em São Paulo, o aumento deverá superar 0,3%, com base nos dados mais recentes da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Entre as 15 principais elevações de preços no mês, 10 são de produtos vindos do campo.
A alta dos preços não ocorre por um crescimento de demanda interna, mas por uma aceleração das exportações. O mercado internacional, embora tenha uma tendência geral de baixa dos produtos agrícolas, mantém alguns preços em patamar elevado, como o do café.
Proteína animal em destaque
A proteína animal, com as exportações recordes, voltou a subir no mercado interno. A mais pressionada é a carne bovina, cujas vendas externas devem superar 200 mil toneladas em setembro. Os dados serão divulgados na sexta-feira (4) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Com a demanda externa aquecida, a arroba de boi gordo está sendo negociada a R$ 274, com alta de 14% em setembro, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A demanda externa puxa os preços internos.
Outros alimentos em alta
Em setembro, um dos cortes mais procurados, o contrafilé, teve reajuste de 6% até a terceira quadrissemana do mês, segundo a Fipe. As exportações dão sustentação também aos preços do frango e da carne suína.
O café é um dos produtos com maior peso na inflação dos alimentos em setembro, com alta de 5% nos supermercados, segundo a Fipe. Os preços não devem ter alívio nos próximos meses, devido aos efeitos do clima no Brasil e no Vietnã.
Expectativas para o futuro
A antecipação de compra de café pelas empresas europeias, devido às incertezas geradas pela lei antidesmatamento, também pressiona os preços. O arroz mantém valores elevados, mas a Índia pode trazer alívio no mercado internacional retirando taxas sobre as vendas externas do arroz branco.
A pressão nos preços internos do cereal, no entanto, continua nesta entressafra. O plantio do cereal está acelerado nos países vizinhos, o que pode acomodar os preços internacionais no próximo ano.
Safras de soja e milho
Soja e milho têm os preços influenciados pelo mercado financeiro e pelo clima. Os fundos de investimentos voltaram às compras, impulsionando o preço de Chicago. No Brasil, o plantio ainda é afetado pelo clima incerto.
Em resumo, a pressão dos produtos agropecuários na inflação é resultado de um mix de fatores, como exportações recordes, demanda externa aquecida e incertezas climáticas. Os consumidores devem ficar atentos aos impactos desses elementos nos preços dos alimentos nos próximos meses.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.