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Jejum na Política: Uma Prática Religiosa se Torna Arma de Discurso
O candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), chamou a atenção da mídia ao iniciar um jejum de sete dias, como forma de buscar uma conexão mais profunda com Deus. Em suas redes sociais, Marçal compartilhou uma foto em família, enquanto aproveitava um “franguinho caipira” preparado por sua sogra, após passar uma semana apenas à base de água.
O jejum, comum entre os cristãos como forma de renúncia e busca espiritual, foi tema de debate durante um encontro virtual com pastores e também durante o debate eleitoral na TV Record. Marçal destacou que via essa prática como uma oferta ao povo, para que este pudesse ter discernimento em meio a uma suposta “batalha espiritual” que ocorre na cidade.
Segundo o teólogo Ranieri Costa, a abstinência de alimentos é apenas uma das formas de jejuar e busca alinhar-se com a vontade divina. A prática tem respaldo bíblico e é comum em diversas denominações cristãs.
No entanto, o jejum também tem sido utilizado como arma política por diversos líderes e candidatos. Aliados do presidente Jair Bolsonaro já sugeriram que fiéis jejuassem em favor da nação, destacando a importância da oração e intercessão durante esses períodos.
O discurso que associa o jejum à política tem como objetivo insinuar que o adversário está ligado a forças malignas, criando uma narrativa de enfrentamento contra o “mal”. Candidatos, como Cabo Daciolo em eleições passadas, prometeram vitória com a prática do jejum, associando o oponente à esquerda e às forças das trevas.
Em meio a esse cenário, Pablo Marçal não apenas destaca sua prática religiosa, mas também traz à tona a questão de um suposto “consórcio comunista” a ser combatido, criando assim um pano de fundo religioso em seu discurso político.