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La Niña fraco pode não trazer efeitos costumeiros, alerta climatologista em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia

Em entrevista exclusiva para o programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia, a climatologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco, trouxe informações sobre o fenômeno La Niña e suas possíveis consequências. Segundo a especialista, as tendências dos modelos de previsão indicam que o La Niña será fraco e seus efeitos podem não ser tão intensos como de costume.

O La Niña é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico e costuma desencadear chuvas no Nordeste do Brasil, enquanto provoca seca na Região Sul, em parte do Centro-Oeste e no Sudeste. Francis explicou que o processo de resfriamento do fenômeno começou há dois meses, porém em uma velocidade mais lenta do que o habitual. Ela acrescentou que a previsão é de um La Niña fraco para este ano.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a probabilidade de o La Niña ocorrer nos meses de outubro, novembro e dezembro aumenta para 60%. Para o mês de outubro, a previsão é de chuvas acima da média em algumas regiões do país, como parte da Região Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Além disso, é esperado um retorno gradual das chuvas para a parte central do Brasil na segunda quinzena do mês.

Durante a entrevista, a climatologista também abordou a questão das mudanças climáticas, que foi discutida na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Ela destacou as medidas necessárias para mitigar os impactos do descontrole climático, ressaltando a resistência de setores econômicos, como o agronegócio, em relação à redução das emissões.

Francis também alertou para a possibilidade de a Amazônia atingir um ponto sem volta, onde determinados processos se tornam irreversíveis, como o desmatamento. Ela defendeu a necessidade de repensar a utilização da Amazônia, deixando de considerá-la apenas como um pasto gigante para a criação de gado e plantações de soja.

Por fim, a especialista comentou sobre os incêndios florestais que assolam diversas regiões do Brasil, apontando que a maioria deles tem motivação criminosa, visando queimar áreas de proteção ambiental. Estudos mostram que 99% das queimadas no Brasil têm ação humana, principalmente na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

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