Elas Existem: lutando pelos direitos de mulheres em privação de liberdade

No dia 24 do último mês, a organização Elas Existem levou sua missão de lutar pelo desencarceramento, redução do sofrimento e garantia de direitos de mulheres cis e trans em privação de liberdade ao prédio da ONU, em Nova York. Caroline Bispo, uma das fundadoras, foi a responsável por representar a organização durante o International Forum on African-Caribbean Leadership (IFAL), evento paralelo à Assembleia Geral da ONU.

O Brasil conta com mais de 40 mil mulheres presas, a maioria delas negras, jovens, mães solteiras e pouco escolarizadas, sendo alvos da guerra às drogas. Estamos atrás apenas dos Estados Unidos e da China no ranking de países que mais encarceram mulheres, porém pouco se fala sobre essa realidade. Caroline Bispo, advogada e mestra em segurança pública, criou a Elas Existem em 2016 com o objetivo de promover debates e palestras sobre a situação das mulheres privadas de liberdade, além de divulgar violações como a falta de absorventes menstruais para as detentas.

A organização realiza rodas de conversa, debates e oficinas dentro das unidades prisionais e socioeducativas, promovendo a remição de pena pela leitura, onde cada livro lido representa menos quatro dias de cárcere. Além disso, oferece ações de formação, empreendedorismo e orientação jurídica para egressas do sistema prisional.

Várias histórias de superação surgiram a partir da atuação da Elas Existem, como a de Vanja, uma ex-detenta que hoje é multiplicadora dos projetos da organização. O sucesso do programa permitiu parcerias internacionais e a inserção da Elas Existem na rede Women in Prison, composta por organizações de mais de 20 países que trabalham com mulheres dentro do sistema prisional.

A iniciativa Todas presenteia mulheres com três meses de assinatura digital gratuita da Folha, em apoio à luta pelos direitos das mulheres em situação de privação de liberdade.