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Nos primeiros nove meses deste ano, 126 mulheres foram vítimas de violência política, o que representa 27,6% do total de 455 casos registrados, de acordo com dados do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Unirio. A situação se torna ainda mais alarmante quando observamos que esses números não incluem incidentes recentes, como a tentativa de homicídio contra a candidata Thaís Margarido, em Guarujá (SP), em 22 de setembro.
Apesar de representarem 52% do eleitorado brasileiro, as mulheres correspondem a apenas 33% das candidaturas nas eleições. A cientista política Beatriz Carvalho, do Grupo de Investigação Eleitoral da Unirio, ressalta que a equidade de gênero na política ainda é um desafio distante de ser superado.
A disseminação de imagens falsas, como deepfakes, tem sido uma forma comum de ataque às candidatas, como evidenciado nos casos de Tabata Amaral e Marina Helena em São Paulo. Beatriz Carvalho destaca a preocupação com o impacto dessas tecnologias nas eleições, ressaltando a importância de analisar e combater esses casos.
Violência contra as mulheres na política
Além da violência física e digital, a cientista política alerta para a violência semiótica, que se manifesta em formas de ridicularização e inferiorização das candidatas. O uso de termos pejorativos, como no caso da candidata Bruna Biondi, em São Caetano do Sul, evidencia a persistência da discriminação de gênero na política.
Outro dado preocupante é o crescimento dos episódios violentos conforme as eleições se aproximam. No primeiro trimestre do ano foram 68 casos, no segundo 155 e no terceiro 232. São Paulo lidera as estatísticas de violência, seguido por Rio de Janeiro e Piauí.
O caminho para a equidade de gênero na política passa pela conscientização, apoio mútuo e punição efetiva aos agressores. Enquanto as mulheres continuarem a enfrentar violência e discriminação no ambiente político, a democracia brasileira não estará plenamente representada.