Arquidiocese de São Paulo questiona CPI contra padre Júlio Lancellotti em ano eleitoral

Embora o coordenador da Pastoral do Povo de Rua não tenha sido citado nominalmente no requerimento de abertura da CPI, o vereador responsável pelo pedido, Rubinho Nunes, realizou diversas declarações, inclusive em suas redes sociais, afirmando que Lancellotti é o principal alvo e planeja direcionar particularmente a investigação contra o movimento A Craco Resiste.
A ação ocorre justamente em um ano eleitoral, o que levanta questionamentos por parte da Arquidiocese, que indaga os motivos da promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, exatamente no início de um ano eleitoral. O vereador Nunes justifica a necessidade de investigação das organizações da sociedade civil, alegando que algumas delas recebem financiamento público para realizar suas atividades.
O pedido de abertura da CPI recebeu assinaturas de mais de um terço dos 55 vereadores do Legislativo paulistano. No entanto, a aprovação em plenário pela maioria da Câmara Municipal é necessária para que a CPI seja efetivamente instalada.
Em resposta, a vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL) protocolou um requerimento pedindo a investigação do aumento da população em situação de rua na capital paulista e das políticas públicas de atendimento a essas pessoas. Até o momento, o requerimento da CPI das Políticas para População de Rua ainda não recebeu o número mínimo de assinaturas para ser protocolado.
Diante da situação, o padre Julio Lancellotti posicionou-se afirmando que as CPIs são legítimas, mas esclareceu que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal.
A proposta de abertura da CPI e as reações de políticos e líderes sociais ganharam expressão nas redes sociais, com ministros e autoridades expressando solidariedade ao padre Julio Lancellotti e questionando as reais prioridades e o sentido de justiça que a sociedade está adotando. Esta situação levanta preocupações sobre a utilização do poder político em detrimento de questões mais relevantes da sociedade.