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Geólogo aventureiro e pesquisador, Helio Shimada, morre aos 69 anos por complicações da Covid longa após vida marcada por desafios selvagens.

Vida e aventuras do geólogo Helio Shimada na Amazônia

O geólogo Helio Shimada tinha 27 anos quando pisou pela primeira vez na Amazônia. A serviço de mineradoras, ele fez dezenas de viagens à região durante um período de mais de dez anos e ficou fascinado pela floresta.

Acampou em áreas isoladas da selva onde a comida só chegava por avião e, quando estragava, era necessário caçar. Fugiu de garimpeiros armados e viu um colega de trabalho ser ferido no braço com uma flecha atirada por um indígena.

O trabalho de prospecção mineral envolvia viajar em aviões monomotores —às vezes em condições precárias de manutenção—, pousar em pistas de terra abertas “no braço”, hospedar-se em acampamentos improvisados e trabalhar durante longas horas debaixo do sol nas escavações e no tratamento do solo para procurar minérios.

Uma foto de Shimada em 1977 em Riozinho das Arraias (PA) mostra o contraste que o paulista nascido em Diadema, filho de japoneses, vivia no território. Está ladeado por dois homens de peito nu que vestem shorts e galochas, e seguram espingardas, além de um cinto com munição. Era uma escolta armada que protegia a equipe da mineradora de garimpeiros.

Por pouco ele não trocou as aventuras na selva por uma vida no laboratório. Na faculdade, chegou a estudar física por dois anos, antes de perceber que não queria seguir a carreira e mudar para geologia, na USP (Universidade de São Paulo).

Em 1982, fez uma especialização em exploração mineral em Nancy, na França. Em seguida, fez várias viagens a trabalho para prospecção de minas na Bolívia.

Na década de 1990, visitaria a terra onde seus pais cresceram, para um estágio como bolsista da Agência de Cooperação Internacional do Japão, onde estudou a formação de minérios em áreas vulcânicas. Especializou-se também em espeleologia, que é o estudo de cavernas e grutas naturais.

Shimada costumava dizer a amigos que tinha sorte de ter vindo ao mundo. Sua mãe viveu até os 15 anos de idade em Hiroshima, no Japão, e saiu de lá cerca de oito anos antes da bomba atômica atingir a cidade, no final da Segunda Guerra Mundial.

Na última década de vida, trocou as viagens pelo esporte, praticando alpinismo, correndo maratonas e saltando de paraquedas. Morreu em 27 de agosto, por complicações relacionadas à Covid longa. Deixa uma irmã, três sobrinhos, a companheira e uma enteada.

Para mais informações sobre o artigo, entre em contato através do e-mail coluna.obituario@grupofolha.com.br

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