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Reino Unido enfrenta repercussões de sistema racista de imigração
No Reino Unido, um relatório oficial produzido pelo Ministério do Interior revelou a existência de um sistema racista de imigração que perdurou por mais de 30 anos, resultando na prisão e deportação ilegais de pessoas negras vindas do Caribe por quatro décadas.
Segundo o relatório, que foi produzido em 2021, o governo britânico se recusou a divulgá-lo, negando diversos pedidos da imprensa. A justificativa era de que a divulgação poderia afetar a confiança das “comunidades afetadas” no Estado e prejudicar o desenvolvimento de políticas migratórias.
Entretanto, após uma ordem judicial, o documento vazou para a imprensa em 2022. O relatório aponta que, entre 1950 e 1981, toda legislação de imigração e cidadania aprovada no país tinha como intuito reduzir a presença de pessoas negras no Reino Unido.
O episódio mais emblemático decorrente desse sistema foi o escândalo Windrush, no qual pelo menos 83 indivíduos do Caribe foram deportados ilegalmente, mesmo cumprindo todos os requisitos para permanecer no país. O governo de Theresa May emitiu um pedido oficial de desculpas em 2018 pelo tratamento injusto dado a essas pessoas.
O relatório também ressalta que a ideologia racial e as leis de imigração no Reino Unido estavam intimamente ligadas, demonstrando que a abolição da escravidão em 1833 não foi capaz de eliminar a discriminação racial arraigada na sociedade britânica.
Recentemente, sob o governo de Rishi Sunak, foi aprovada uma lei que prevê a deportação de imigrantes e refugiados para Ruanda, levantando críticas de ativistas de direitos humanos e especialistas.
Já sob o governo de Keir Starmer, o país enfrentou atos anti-imigração motivados pela extrema direita, após a morte de três crianças em um ataque, gerando uma onda de violência contra imigrantes.