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Falta de adesivos de nicotina nas farmácias brasileiras gera desespero em pacientes em processo de parar de fumar

Desaparecimento de adesivos de nicotina preocupa pacientes no Brasil

Um novo obstáculo surgiu para aqueles que buscam parar de fumar no Brasil: a dificuldade em encontrar adesivos de nicotina nas farmácias. O NiQuitin, da farmacêutica Quifa, amplamente utilizado no tratamento do tabagismo, era popular nas versões de adesivos e pastilhas até março deste ano.

Com o sumiço do produto das prateleiras, pacientes relatam desespero e falam sobre retrocessos em seus esforços para abandonar o vício. Outras marcas de medicamentos também estão em falta, aumentando a preocupação entre os fumantes que buscam ajuda.

A Quifa justifica que a interrupção temporária do NiQuitin se deve à demora na atualização do registro sanitário pela Anvisa. Segundo a empresa, o processo está em fase final e a previsão é que o produto retorne ao mercado entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. A falta de comunicação oficial da Quifa com a imprensa gera incertezas e frustrações entre os consumidores.

Enquanto isso, a Anvisa informa que a farmacêutica apresentou propostas de alterações no medicamento, as quais foram aprovadas em agosto. A agência reforça que não impediu a comercialização do produto, deixando a disputa de narrativas entre Quifa e Anvisa em evidência.

A falta do NiQuitin tem levado pacientes a buscar alternativas incomuns, como recorrer a amigos fora do país para adquirir adesivos de nicotina. No entanto, essa prática traz ansiedade aos fumantes em processo de tratamento, uma vez que o suprimento dos adesivos se torna um lembrete constante da possibilidade de recaídas.

Profissionais de saúde alertam sobre os impactos da escassez de adesivos de nicotina, especialmente para os pacientes em fase avançada do tratamento. A falta de opções adequadas coloca em risco a continuidade e eficácia das terapias de reposição de nicotina.

Impactos na saúde dos fumantes

A cardiologista Jaqueline Scholz destaca que a interrupção no tratamento pode gerar ansiedade, irritabilidade e aumento do risco de recaídas. A falta de acesso aos adesivos de nicotina representa um desafio adicional para os fumantes em sua jornada para abandonar o cigarro.

O Ministério da Saúde oferece tratamentos para tabagismo na rede pública, mas a escassez de NiQuitin tem levado pacientes a buscar soluções improvisadas para continuar suas terapias.

Busca por alternativas

Consumidores como Miguel, aposentado de 73 anos, estão na expectativa de encontrar os adesivos para concluir seus tratamentos. A falta de opções adequadas tem levado alguns pacientes a recorrer a práticas não recomendadas, como dividir os adesivos em partes menores para prolongar o tratamento.

Em meio a essa crise de abastecimento, os fumantes no Brasil enfrentam desafios adicionais em sua luta contra o tabagismo. A espera pelo retorno do NiQuitin e a busca por alternativas têm colocado à prova a determinação e a saúde dos pacientes.


Esta reportagem foi produzida durante o 9º Programa de Treinamento em Jornalismo de Ciência e Saúde da Folha, com o patrocínio do Laboratório Roche e do Hospital Israelita Albert Einstein

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