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A greve dos atores dos EUA ganhou força com o uso da inteligência artificial, que proporciona personagens imortais.

Christopher Reeve, o icônico intérprete do Super-Homem, faleceu há quase duas décadas, mas recentemente fez uma aparição surpreendente nas telas de cinema. No filme “The Flash”, foi utilizado um recurso de computação gráfica para criar digitalmente o ator e trazê-lo de volta à vida. No entanto, essa estratégia não foi perfeita e a participação do clone digital de Reeve durou apenas alguns segundos, mostrando-se inexpressiva e notavelmente falsa. No entanto, a promessa é que a inteligência artificial possa baratear e otimizar a recriação de atores nas telas, gerando performances que nunca aconteceram de verdade.

Um exemplo disso é James Dean, que faleceu há 68 anos, e está programado para estrelar o filme “Back to Eden” utilizando essa nova tecnologia. Essa tentativa de recriação digital de atores já foi feita no passado, mas sem sucesso. No entanto, agora, com o avanço da inteligência artificial, espera-se que seja possível criar performances autênticas e convincentes.

Apesar disso, o uso dessa tecnologia levanta questões éticas e legais complexas. A paralisação do sindicato de atores SAG-Aftra em julho deste ano evidenciou as precárias relações de trabalho em Hollywood e as preocupações dos profissionais da indústria em relação ao uso da inteligência artificial. Os atores temem ser explorados e perder o controle sobre sua imagem, já que os estúdios poderiam usar suas performances digitalmente recriadas em vários filmes sem a necessidade de novas contratações.

Enquanto os atores protestam e reivindicam a possibilidade de opinar sobre o uso da tecnologia, os grandes estúdios, como Disney e Netflix, estão divulgando vagas de emprego para especialistas em inteligência artificial. A guerra entre as partes envolvidas é intensa, com os estúdios alegando que a ampliação do uso da tecnologia é inevitável e que isso abrirá novas oportunidades de trabalho para especialistas.

No entanto, o debate não se limita apenas à proteção dos direitos dos atores vivos. A discussão ética se estende também aos atores já falecidos, como Robin Williams e Marilyn Monroe, cujas imagens podem ser utilizadas sem consentimento póstumo. A recriação digital de artistas mortos abre um novo campo de ética e legalidade, colocando em questão a proteção dos direitos de imagem e a preservação da memória desses ícones.

No Brasil, a discussão sobre o uso da inteligência artificial na indústria do entretenimento também se intensifica. Os contratos de trabalho para dubladores e outros profissionais do setor muitas vezes seguem os modelos estabelecidos nos Estados Unidos, o que resulta em cláusulas que não garantem a proteção adequada dos direitos desses profissionais. No entanto, um projeto de lei que regulamenta direitos autorais no ambiente digital está em tramitação e pode ajudar a proteger os direitos da classe artística.

Portanto, a utilização da inteligência artificial na recriação de atores nas telas é um avanço tecnológico fascinante, mas que também traz consigo uma série de desafios éticos e legais. É essencial que os atores tenham voz ativa nesse processo e que suas imagens sejam protegidas de exploração indiscriminada. O futuro da indústria do entretenimento está em jogo, e é preciso encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a garantia dos direitos dos profissionais envolvidos.

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