
Um exemplo disso é James Dean, que faleceu há 68 anos, e está programado para estrelar o filme “Back to Eden” utilizando essa nova tecnologia. Essa tentativa de recriação digital de atores já foi feita no passado, mas sem sucesso. No entanto, agora, com o avanço da inteligência artificial, espera-se que seja possível criar performances autênticas e convincentes.
Apesar disso, o uso dessa tecnologia levanta questões éticas e legais complexas. A paralisação do sindicato de atores SAG-Aftra em julho deste ano evidenciou as precárias relações de trabalho em Hollywood e as preocupações dos profissionais da indústria em relação ao uso da inteligência artificial. Os atores temem ser explorados e perder o controle sobre sua imagem, já que os estúdios poderiam usar suas performances digitalmente recriadas em vários filmes sem a necessidade de novas contratações.
Enquanto os atores protestam e reivindicam a possibilidade de opinar sobre o uso da tecnologia, os grandes estúdios, como Disney e Netflix, estão divulgando vagas de emprego para especialistas em inteligência artificial. A guerra entre as partes envolvidas é intensa, com os estúdios alegando que a ampliação do uso da tecnologia é inevitável e que isso abrirá novas oportunidades de trabalho para especialistas.
No entanto, o debate não se limita apenas à proteção dos direitos dos atores vivos. A discussão ética se estende também aos atores já falecidos, como Robin Williams e Marilyn Monroe, cujas imagens podem ser utilizadas sem consentimento póstumo. A recriação digital de artistas mortos abre um novo campo de ética e legalidade, colocando em questão a proteção dos direitos de imagem e a preservação da memória desses ícones.
No Brasil, a discussão sobre o uso da inteligência artificial na indústria do entretenimento também se intensifica. Os contratos de trabalho para dubladores e outros profissionais do setor muitas vezes seguem os modelos estabelecidos nos Estados Unidos, o que resulta em cláusulas que não garantem a proteção adequada dos direitos desses profissionais. No entanto, um projeto de lei que regulamenta direitos autorais no ambiente digital está em tramitação e pode ajudar a proteger os direitos da classe artística.
Portanto, a utilização da inteligência artificial na recriação de atores nas telas é um avanço tecnológico fascinante, mas que também traz consigo uma série de desafios éticos e legais. É essencial que os atores tenham voz ativa nesse processo e que suas imagens sejam protegidas de exploração indiscriminada. O futuro da indústria do entretenimento está em jogo, e é preciso encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a garantia dos direitos dos profissionais envolvidos.