Revisão da caução ambiental em Minas Gerais gera polêmica entre ambientalistas, empresários e afetados por barragens

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), as regras estão passando por uma revisão. A engenheira civil Marília Melo, responsável pela pasta, afirmou que o decreto atualmente está suspenso e que o governo mineiro busca aprofundar as discussões para apresentar uma nova proposta. A expectativa é que haja uma definição até o final deste mês.
O decreto estabeleceu regras para o cálculo do valor da caução, levando em conta a área ocupada pela estrutura, classificações técnicas e custos estimados para a descaracterização. No entanto, durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o decreto foi duramente criticado por atingidos por barragens e ambientalistas, que consideraram os valores estabelecidos como subdimensionados.
Um estudo apresentado pela organização social Fórum Permanente do São Francisco mostrou que, de acordo com a fórmula do decreto, a caução para a barragem da Samarco, que se rompeu em Mariana em 2015, seria de R$ 62,8 milhões, enquanto para a barragem da Vale em Brumadinho, que rompeu em 2019, seria de R$ 14,3 milhões. Esses valores são muito inferiores aos necessários para reparar os danos causados por essas tragédias, gerando preocupações sobre a eficácia da caução ambiental.
A secretária Marília Melo explicou que a caução ambiental não é destinada a reparar desastres ambientais, mas sim a casos de falência ou abandono da empresa responsável. Ela ressaltou a importância de equilibrar as medidas e avançar conceptualmente em relação à regulamentação da caução. A Lei Mar de Lama Nunca Mais foi criada em resposta aos rompimentos das barragens da Samarco e da Vale, com o objetivo de prevenir danos ambientais e garantir a recuperação das áreas afetadas.
Portanto, a revisão da caução ambiental em Minas Gerais está em andamento, com a busca por uma proposta que atenda às demandas de todas as partes envolvidas, garantindo a segurança e a preservação do meio ambiente diante da atividade das mineradoras na região.