Explorando a história por trás da calçada de pedras portuguesas em São Paulo
Uma simples caminhada pela região central de São Paulo pode revelar detalhes surpreendentes da história da cidade. Foi o que aconteceu comigo ao sair da sede da Folha e me deparar com a bela calçada do jornal, feita em pedras portuguesas. No entanto, o que realmente chamou minha atenção foi a calçada do imóvel vizinho, com um desenho peculiar que despertou minha curiosidade.
O símbolo presente nessa calçada não era totalmente estranho para mim, mas não o associei imediatamente a nada em específico. Mesmo tendo fotografado o galpão onde fica essa calçada anteriormente, nunca havia reparado no piso. Decidi investigar mais a fundo e descobri a sua origem.
No número 477 da alameda Barão de Limeira, situado neste galpão, funcionava a primeira loja e posteriormente a sede do grupo da Rede Zacharias de Pneus. Fundada em 1934 por Adhmar Zacharias, filho de imigrantes libaneses, a empresa se tornou uma referência no setor automotivo ao longo das décadas, expandindo sua rede para diferentes pontos da capital e interior do estado.
Ao longo dos anos, a Zacharias construiu um galpão de dois andares que se destacava não apenas pela sua função comercial, mas também pela arquitetura cuidadosamente planejada. A fachada da edificação, adornada por um belo mural artístico em pastilhas de cerâmica do renomado artista português Álvaro de Landerset Simões, representava o prestígio da empresa.
História marcada por tragédias e desfecho melancólico
Porém, em 1999, a trajetória da empresa tomou um rumo trágico com a morte de dois filhos de Assad Zacharias, herdeiro do fundador. No ano seguinte, Assad faleceu e a administração da empresa passou para a viúva, Anna Maria Zacharias, que não estava familiarizada com os negócios. O grupo, que chegou a ter 92 filiais na década de 1980, começou a enfrentar dificuldades financeiras e eventualmente encerrou suas atividades em 2010.
O galpão da alameda Barão de Limeira, que por anos foi o símbolo da empresa, ficou fechado por um tempo e posteriormente foi vendido para outra empresa da região, que o utiliza como estacionamento atualmente. Apesar do fim da Rede Zacharias de Pneus, o nome ainda é lembrado com carinho por entusiastas do setor automotivo.
