Jovem indígena Neri Guarani Kaiowá é morto com tiro na cabeça em Mato Grosso do Sul durante processo de retomada na Fazenda Barra

As violências denunciadas pelos indígenas da região ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) têm origem em uma visita da Missão de Direitos Humanos, realizada na última sexta-feira (13) pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso aos Povos Guarani. A comitiva, ao passar pela Terra Indígena Panambi, também da etnia guarani e kaiowá, foi o estopim para os terríveis acontecimentos que culminaram na morte de Neri e em diversas feridas entre os indígenas presentes.
Segundo o Cimi, além do jovem Neri, pelo menos uma mulher foi ferida por disparos de arma de fogo, sendo necessário seu encaminhamento para um hospital em Ponta Porã. Outras duas pessoas também foram feridas por balas de borracha durante o conflito. A organização indigenista destacou a ausência da Força Nacional no local dos ataques, que tiveram início na madrugada e foram intensificados ao longo do dia.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) se manifestou diante da gravidade dos acontecimentos, afirmando estar indignada com a situação. A entidade garantiu que acionou a Procuradoria Federal Especializada para as medidas legais cabíveis, visando a punição dos responsáveis e o fim da violência na região. A Funai assegurou que continuará monitorando o conflito em conjunto com as autoridades competentes.
Por sua vez, o governo do Mato Grosso do Sul alegou que parte dos indígenas estava armada e tentava invadir a fazenda, justificando a ação policial no local. O secretário estadual de Segurança Pública ressaltou que os policiais presentes estavam seguindo ordens judiciais para manter a ordem e a segurança na propriedade rural, visando garantir o direito de ir e vir das pessoas na região.
Diante de um cenário marcado pela violência e pela desigualdade, é imprescindível a atenção e a atuação das autoridades competentes para promover a paz e a justiça nesse conflito entre os povos indígenas e os interesses fundiários na região de Mato Grosso do Sul. A sociedade brasileira clama por respeito aos direitos humanos e pela proteção das comunidades tradicionais em situações tão graves como a que culminou na morte de Neri Guarani Kaiowá.