
A diferença salarial entre homens e mulheres teve um salto de março para setembro. De acordo com o 2° Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho, as mulheres recebem em média 20,7% a menos que os homens nas 50.692 empresas com 100 ou mais empregados. Esse número representa um aumento em relação aos 19,4% registrados em março.
No levantamento, a diferença salarial é ainda mais acentuada nos cargos de direção e gerência, onde as mulheres recebem apenas 73% da remuneração dos homens. Enquanto a média salarial dos homens é de R$ 4.495,39, a das mulheres é de R$ 3.565,48.
A disparidade se intensifica entre as mulheres negras, que ganham em média R$ 2.745,26, representando apenas 50,2% do salário dos homens não negros. O desequilíbrio também é observado entre homens negros e não negros, com os últimos recebendo em média R$ 3.493,59 e as mulheres não negras R$ 4.249,71.
As desigualdades também se refletem na presença de mulheres negras em cargos de liderança, evidenciando um obstáculo na obtenção de dados precisos. Menos de 10% da folha de pagamento é destinada a mulheres em 42,7% das empresas pesquisadas, e em 53% delas não havia nem três mulheres em cargos de direção para comparação salarial.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou a importância de combater as discrepâncias no mercado de trabalho, especialmente considerando que 58% das mulheres chefiam famílias no país e enfrentam altos índices de fome e desemprego.
Observa-se também que apenas 8,2% das empresas com 100 ou mais funcionários possuem políticas de contratação para mulheres indígenas.
O governo federal anunciou o lançamento do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Homens e Mulheres, com foco em ampliar a participação das mulheres no mercado de trabalho, garantir sua permanência e promover sua ascensão profissional, prevendo 79 ações para alcançar esses objetivos.