
Quem diria que uma sociedade com milhões de pessoas com pouco dinheiro no bolso e despreparada para a jogatina se viciaria na promessa de dinheiro fácil, não é mesmo? Piores do que os bingos, que levaram ao adoecimento psíquico de muita gente e à dilapidação de patrimônio, bets estão a um smartphone de alcance.
Reportagem da Folha de S.Paulo, desta segunda (19), aponta que elas ou as associações que as representam estiveram com o governo federal 251 vezes durante a elaboração de como será o mercado de apostas, enquanto profissionais da saúde foram ouvidos apenas cinco vezes.
Entre o público dessas empresas, 46% são jovens adultos entre 19 e 29 anos, 34% são das classes C, D e E e 25% da A e B, segundo o Instituto Locomotiva trazidos pelo jornal. E o dado alarmante: um terço dos apostadores está endividado e com nome sujo na praça.
Reportagem de Carlos Madeiro, no UOL, em junho, já havia apontado que trabalhadores estão se endividando até com empregadores, perdendo o dinheiro da própria sobrevivência por causa da jogatina on-line. E a Polícia Civil do Paraná prendeu uma mulher de 22 anos, acusada de desviar mais de R$ 179 mil do próprio avô para gastar no “Jogo do Tigrinho”.
Para uma parte dos legisladores, contudo, desgraça é a maconha, que eles xingam entre um copo de uísque e outro. Na realidade, um usuário frequente de bets pode acabar com a própria vida e a da sua família. O de maconha, na maioria das vezes, acaba com o resto do pudim que estava na geladeira.
Como já disse aqui, o uso abusivo em jogo e em drogas deveria ser encarado com uma questão de saúde pública no Congresso, mas o primeiro é visto como oportunidade pelos parlamentares e o outro, como crime.