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Valor das sepulturas no Rio de Janeiro chega a R$ 1,2 milhão, superando preço de apartamentos no Leblon, segundo análise jornalística.

Cemitérios do Rio de Janeiro: valores de sepulturas podem superar preço de apartamentos

Em uma realidade onde o cenário imobiliário já é conhecido por seus preços elevados, os cemitérios do Rio de Janeiro surpreendem com valores que podem superar o de apartamentos em bairros valorizados da cidade. Um exemplo é o jazigo no Cemitério São João Batista, em Botafogo, que foi colocado em leilão por exorbitantes R$ 1,2 milhão. Com seus 38,64 metros quadrados, o terreno se destaca pela raridade e espaço, permitindo a construção de um mausoléu. O preço por metro quadrado, de R$ 31 mil, é superior ao valor médio de imóveis no Leblon, conforme dados do Sindicato da Habitação (Secovi Rio).

Assim como no mercado imobiliário, os valores das sepulturas variam de acordo com o bairro e localização dentro do cemitério. No Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, um novo mausoléu vertical externo de 21 metros quadrados está disponível por R$ 980 mil, equivalente a R$ 46,6 mil por metro quadrado — mais caro do que um apartamento de 42 metros quadrados no Leblon, avaliado em R$ 970 mil.

Segundo Karla Monielly Belchior, CEO do Cemitério da Penitência, “construir um mausoléu requer um tipo específico de terreno com área mínima. Aproveitamos a expansão da Zona Portuária para criar espaços voltados para esse modelo de sepultamento, seguindo um perfil sustentável”.

Além dos valores estratosféricos, os cemitérios também têm investido em projetos inovadores, como o “showroom de mausoléus” no Cemitério da Penitência. Neste local, estão sendo construídos dez mausoléus em terrenos de 16 metros quadrados, que já estão disponíveis para venda por valores que variam entre R$ 700 mil e R$ 880 mil.

A valorização da região também influencia nos preços das sepulturas. O Cemitério da Penitência registrou um aumento de 12% nos últimos dois anos, levando alguns proprietários, como o professor de biologia Gerson Ferraro, a lucrar com a venda de suas sepulturas.

Crescimento da cremação e desafios no mercado

Apesar do mercado de sepulturas estar aquecido, a opção pela cremação tem crescido, tornando algumas vendas mais difíceis. Paulo Botelho Leiloeiro relata que um jazigo de R$ 1,2 milhão no São João Batista não encontrou comprador, assim como um leilão de um jazigo avaliado em R$ 520 mil também não obteve sucesso.

A Congregação das Irmãs Franciscanas enfrenta desafios semelhantes, tentando vender um mausoléu de 7,28 metros quadrados por R$ 450 mil no mesmo cemitério. De acordo com a representante Janete Biondo, a crescente adesão à cremação tem dificultado as vendas.

O engenheiro aposentado Ivan Soraggi, que está vendendo um jazigo de sua família por R$ 220 mil, cita as altas taxas de manutenção como um obstáculo, mencionando que desembolsa cerca de R$ 800 por ano para manter o espaço.

Taxas e custos de manutenção

As taxas de manutenção para sepulturas em cemitérios públicos variam entre R$ 340,12 e R$ 850,42, dependendo da localização. Nos cemitérios privados, os valores são definidos pelas próprias administrações. No caso do Cemitério da Penitência, as tarifas variam de R$ 409,26 a R$ 676,59.

Além disso, a taxa de transferência de titularidade, que varia de 5% a 10% do valor de venda, também é um custo adicional para quem compra uma sepultura.

O cenário do Rio de Janeiro se destaca, segundo Cláudio Bentes, presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), pelos preços muito acima da média nacional. Enquanto no país o metro quadrado de uma sepultura custa cerca de R$ 5 mil, no Rio esse valor pode variar entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, dependendo da localização.

Bentes avalia que a reforma tributária pode impactar os custos funerários, elevando os impostos de 8,65% para 26,5%. Ele destaca que, embora o Rio de Janeiro apresente um nicho de mercado para famílias que podem pagar valores milionários por sepulturas, a maioria da população não tem essa possibilidade financeira.

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