Profissionais da Era Digital

Recentemente, tenho vivido entre duas cidades, buscando adaptar-me a novos ambientes e rotinas. Ao chegar na segunda cidade, deparei-me com a necessidade de encontrar contatos que facilitariam minha vida cotidiana. Apesar de me sentir em casa, uma incômoda alergia de pele passou a me acompanhar.

Ao pedir indicação de dermatologista no grupo de WhatsApp dos meus amigos locais, fui surpreendido ao receber um link para o Instagram, ao invés de um número de telefone. Navegando pelas fotos da profissional recomendada, percebi uma abordagem peculiar, com imagens vendendo diversos tratamentos estéticos.

Apesar de inicialmente encantado com a desenvoltura da dermatologista, questionei-me se ela teria tempo para participar de eventos acadêmicos ou tratar uma simples alergia. Minha pele, por sua vez, preferiria um profissional discreto e focado em resolver o problema em questão.

Em outra situação, ao solicitar recomendação de uma arquiteta, recebi apenas nome e telefone, sem perfis de redes sociais. A diferença de abordagem entre os profissionais foi notável, com a arquiteta adotando uma postura mais “show off”, já planejando registros fotográficos e vídeos antes mesmo de ser contratada.

A pressão para os profissionais se tornarem produtores de conteúdo nas redes sociais tem se intensificado, levantando questões sobre a eficácia e a necessidade desse engajamento. O tempo investido nessa exposição virtual realmente se converte em benefícios profissionais, ou é mais um impulso para o ego?

Em um mundo cada vez mais digital, cada profissional encara a demanda por visibilidade de maneira única. Enquanto alguns conseguem conciliar essa exposição com suas atividades principais, outros se veem sobrecarregados ou precisam recorrer a ajuda externa para manter uma presença online relevante.

O debate sobre os limites e benefícios dessa exposição digital ainda está em aberto, mas uma coisa é certa: o capitalismo encontra formas inovadoras de explorar nossa atenção e tempo. No meio desse cenário desafiador, minha pele permanece alheia às redes sociais, mantendo-se saudável e sem precisar virar “stories”.