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Ministério da Defesa sugeriu expulsar do serviço militar mulheres grávidas, revelam documentos obtidos pela Folha

Ministério da Defesa do governo Lula sugere expulsão de mulheres grávidas do serviço militar

No governo do presidente Lula (PT), o Ministério da Defesa sugeriu em documentos internos a expulsão do serviço militar de mulheres que engravidassem durante ou após o alistamento feminino voluntário. A proposta foi incluída em minutas do decreto que permitiria o alistamento militar de mulheres pela primeira vez, porém foi posteriormente retirada do texto final pelo Palácio do Planalto. O ministro da Defesa à época era José Múcio Monteiro.

Uma das minutas estabelecia que as mulheres seriam excluídas das funções militares se confirmassem a gravidez durante o serviço. Isso implicaria em testes de gravidez em inspeções de saúde, prática comum antes da entrada em cursos de formação nas Forças Armadas para garantir a aptidão física das militares. Outro ponto discutido foi a exclusão de mulheres que se tornassem arrimos de família, mas essas medidas também foram retiradas da versão final do decreto assinado por Lula em agosto.

O Ministério da Defesa constituiu um grupo de trabalho composto por militares de diferentes divisões das Forças Armadas para discutir as novas regras. No entanto, chamou atenção o fato de nenhuma mulher fazer parte do grupo de 21 pessoas, entre titulares e suplentes.

A decisão de permitir o alistamento militar feminino a partir de 2025 foi revelada pela imprensa em junho. O modelo adotado pelo Chile, que possui um efetivo de 20% de mulheres nas Forças Armadas, influenciou a decisão do ministro da Defesa. O alistamento será voluntário e as mulheres precisarão cumprir as funções na caserna durante um período mínimo de 12 meses, prorrogável por até 96 meses.

Em 2015, o Congresso Nacional aprovou uma lei que estabelecia direitos para mulheres grávidas nas Forças Armadas, garantindo licença-maternidade de 120 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. No entanto, em setembro de 2022, o STF derrubou trechos da lei que estabeleciam prazos distintos para mães gestantes e adotantes, argumentando que não havia justificativa para a diferenciação entre as duas situações.

O Ministério da Defesa afirmou que as regras estabelecidas pela lei de 2015 também se aplicam às mulheres que ingressarem no serviço militar a partir do próximo ano. As novas regulamentações devem ser estabelecidas por portarias do Ministério da Defesa e das Forças Armadas até o início de 2025.

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