
Com a recente controvérsia envolvendo o presidente Lula e o Banco Central, a credibilidade da próxima diretoria da instituição está em cheque. Dois fatores contribuíram para a crise de confiança no órgão.
Em primeiro lugar, a divisão no Copom (Comitê de Política Monetária) em maio, onde, por uma margem estreita de cinco votos a quatro, decidiu-se reduzir a taxa de juros em apenas 0,25 ponto percentual, com quatro diretores defendendo um corte maior de 0,5 ponto. Essa divisão refletiu as escolhas políticas na composição do colegiado, com os indicados por Lula votando pela manutenção da taxa.
Além disso, a experiência passada com o presidente Alexandre Tombini no comando do BC durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, onde houve suspeitas de interferência do Executivo na política monetária, aumentou a desconfiança do mercado quanto à autonomia do Banco Central.
Diante desse cenário, há indicativos de que o novo Copom buscará demonstrar independência em relação ao Governo e manterá uma postura técnica, podendo iniciar um ciclo de aumento da taxa de juros.
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, provável novo presidente da instituição, tem reiterado a importância de seguir as metas estabelecidas. Até mesmo o presidente Lula, em entrevista recente, ressaltou a necessidade do BC atuar com transparência nos movimentos de juros.
A expectativa é de que o novo Copom possa implementar um ciclo de elevação da Selic de até 1,5 ponto percentual, com três aumentos de 0,5 ponto. No entanto, a decisão de aumentar a taxa de juros pode ser desafiadora diante das projeções macroeconômicas atuais, que indicam um cenário de inflação próxima à meta estabelecida.
A evolução da economia real até a próxima reunião do Copom, agendada para setembro, será crucial para embasar a decisão de elevar a taxa de juros. A divulgação dos dados do segundo trimestre pelo IBGE e os indicadores de emprego e capacidade produtiva poderão influenciar a política monetária.
Portanto, a expectativa é que novos dados de atividade econômica e inflação até setembro irão sustentar a perspectiva de um ciclo de aumento da taxa Selic, visando manter a estabilidade econômica e controlar a inflação.