No coração da região de Careiro da Várzea, no leste do Amazonas, encontra-se a pequena terra indígena de Sissaíma, aguardando ansiosamente pela demarcação do seu território. Nesse cenário, os muras de Sissaíma estão cercados por fazendas e rebanhos de búfalos.
O uso frequente do fogo nessas propriedades é uma prática comum, levando a ondas densas de fumaça durante a seca amazônica. Mesmo assim, os indígenas conseguem manter uma ilha verde em meio às áreas rurais desmatadas. Os búfalos criados pelos fazendeiros, dependendo da água, contaminam rios e lagos, prejudicando a reprodução dos peixes.
Além desses desafios, os indígenas enfrentam a presença de madeireiros ilegais e o avanço do comércio de drogas nas comunidades vizinhas.
Sissaíma abriga 32 famílias, a maioria delas de fé evangélica. A religião é vista pelas lideranças como uma proteção contra o uso de drogas na comunidade.
Recentemente, a aldeia sediou a inauguração de um centro cultural, com a presença de convidados de outras comunidades. Enquanto os bois foram preparados para um churrasco, uma banda apresentou músicas gospel em ritmo de forró.
Apesar da aparente tranquilidade, os indígenas de Sissaíma desconhecem um projeto de exploração de petróleo localizado a menos de um quilômetro de sua terra. Esse projeto, caso seja implementado, se tornará um novo desafio para os quase 200 indígenas que habitam essa região da Amazônia.
O cacique do território, Ozeias Cordeiro, menciona que foi informado sobre o bloco de petróleo nas proximidades em 2017, porém desde então não houve mais informações a respeito. A partir de dezembro de 2023, a oferta de cinco blocos para exploração de óleo e gás na região amazônica tornou o projeto mais próximo da realidade.
Esses blocos, que impactam unidades de conservação e comunidades tradicionais, geraram uma ação civil pública solicitando a anulação da concessão, movida pelo Ministério Público Federal no Amazonas.
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