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Seca e queimadas no Brasil pressionam serviços básicos e alertam para os impactos econômicos no longo prazo, afirmam especialistas.

Perdas bilionárias decorrentes da seca e das queimadas no Brasil preocupam especialistas

A intensificação da crise climática nas últimas semanas tem pressionado serviços básicos, como fornecimento de energia e água, além de reforçar os alertas para os possíveis impactos econômicos dos eventos extremos no longo prazo, segundo especialistas consultados pela Folha.

No estado de São Paulo, os prejuízos da agropecuária com os incêndios se aproximavam de R$ 2 bilhões, de acordo com um balanço atualizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Os impactos atingiram diversas atividades, como gado de corte, leite, cana-de-açúcar, frutas, mel, celulose e extração de látex. O governo estadual disponibilizou R$ 110 milhões para ações voltadas aos produtores afetados.

Estimar as perdas com a crise ainda em andamento é uma tarefa desafiadora, segundo analistas, uma vez que os efeitos não são totalmente conhecidos.

Para Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, é crucial agir para evitar cenários catastróficos nos próximos anos. A questão climática afetando a agricultura é a maior preocupação econômica, demandando investimentos em projetos de irrigação e seguro rural.

Devido ao período de entressafra, as culturas predominantes no Brasil, como soja e milho, ainda não sofreram impactos relevantes das queimadas, mas há preocupação com a escassez hídrica nos próximos meses que poderá prejudicar o plantio de verão.

Para concluir a safra de grãos de 2024, falta colher culturas de inverno como trigo, aveia e cevada, apontou Carlos Barradas, do IBGE. A produção deste ano deverá ter uma queda de 6%, em grande parte devido a problemas climáticos como a falta de chuva nos meses anteriores.

A Orplana estima um prejuízo de cerca de R$ 1,2 bilhão em canaviais de São Paulo devido às queimadas. A seca e os incêndios recentes ampliam os riscos de inflação e recessão econômica, segundo a consultoria LCA.

A Bandeira Vermelha na conta de luz já está em vigor, com um acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 kWh consumidos. A LCA aponta que melhorias na infraestrutura elétrica e expansão de fontes alternativas demandarão tempo para mitigar os efeitos da escassez de chuvas.

Os impactos da crise atual sobre a economia no médio e longo prazo tendem a ser cada vez mais adversos, prejudicando o fornecimento de energia e a produtividade agropecuária, segundo a consultoria.

O presidente da comissão de seguro rural da FenSeg afirma que as seguradoras ainda calculam os prejuízos da crise, com preocupações como a possível perda de fertilidade do solo em áreas atingidas por incêndios.

Municípios brasileiros relataram R$ 1,1 bilhão em danos decorrentes de incêndios florestais de agosto a setembro, segundo a CNM, que reconhece que o valor pode estar subestimado.

Possíveis impactos em florestas e fontes de água

A diretora da SOS Mata Atlântica aponta que a manutenção da biodiversidade em áreas florestais foi afetada pela crise, com áreas de restauração queimadas e sementes perdidas. A gestão de recursos hídricos também sofre consequências com a contaminação dos solos e mananciais devido às queimadas.

Regiões com sistemas de tratamento de água complexos têm capacidade de minimizar os impactos, mas a adaptação poderá aumentar custos. Em locais com tratamento de água menos complexo, a população pode ficar exposta a agentes patológicos, alerta um pesquisador do Cepas.

Até o momento, a Sabesp não detectou impactos das queimadas nos reservatórios de água, mas continua monitorando a situação e está preparada para fazer ajustes no tratamento, se necessário.

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