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Espionagem e repressão: a história do maior espião dos serviços secretos militares e a luta contra os comunistas no Brasil.

Operação Cachorros: a história do espião que enfraqueceu o PCB

No final de 1968, com a decretação do AI-5, a repressão militar se intensificou no combate aos grupos que optaram pela luta armada contra o governo autoritário. Organizações oriundas do PCB, como a ALN e o MR8, foram duramente combatidas. Seis anos depois, esses grupos estavam aniquilados ou muito enfraquecidos, então a ditadura militar voltou sua atenção para o próprio PCB.

Na década de 1970, os comunistas estavam na clandestinidade, mas continuavam suas discussões políticas e propagandas. Foi nesse período que a inteligência militar decidiu cooptar membros do partido, como Severino Theodoro de Mello, um dos infiltrados mais importantes. Ele se tornou figura central em “Cachorros – A História do Maior Espião dos Serviços Secretos Militares e a Repressão aos Comunistas até a Nova República”, livro de Marcelo Godoy.

Mello, conhecido como Vinicius entre os militares, e o capitão da Aeronáutica Antônio Pinto eram os principais personagens dessa operação de espionagem política. Suas delações tiveram um impacto devastador para o PCB, levando à morte de pelo menos dez dirigentes do partido. As informações de Mello foram fundamentais para as ações repressivas contra o PCB.

Em 1992, a revelação de que Mello era um espião veio à tona, surpreendendo muitos de seus colegas de militância. Apesar de ter sido próximo de Luís Carlos Prestes e ter ocupado cargos importantes no partido, sua traição se tornou incontestável com o passar dos anos.

O livro de Godoy narra a trajetória desses dois personagens e revela detalhes da história conturbada do PCB durante a ditadura militar. Mello faleceu aos 105 anos, sem nenhum camarada presente em seu enterro. O legado desses “cachorros” deixou marcas profundas na história do Brasil.

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